quinta-feira, 11 de junho de 2009

Isso são modos?


Gente, perguntar não ofende. Principalmente quando dá para fazê-lo assim, sem ser cara a cara: onde foi parar a boa educação do nosso jet-set?Alguns acontecimentos me fazem voltar ao Marajó da minha infância, e ficar “matutando”.Recentemente, num casamento, fiquei “passada e engomada” com a falta de modos dos convidados. A noiva passou apenas quinze minutos, em fotos familiares no altar e, pasmem queridos, ao virar-se para sair, encontrou a Igreja de Santo Alexandre semideserta. Seus convidados, pessoas especiais com certeza, deviam estar esfomeados, só pode ser essa a razão, e partiram, disputando um rally pela cidade, rumo ao bufê...onde dezenas de casais já estavam acomodados. Que feio!Tem gente que nem vai mais à igreja, segue direto para a recepção. Pode, Freud?A impontualidade virou regra. Coisa de gente despreparada, mesmo!
Uma outra noiva passou quarenta minutos dentro do carro...esperando a chegada de padrinhos...que não mereciam ter recebido convite tão especial, se não têm competência para chegar dez minutos antes...Existe uma feijoada filantrópica que costumo freqüentar. É uma ocasião para rever amigas, colaborar com necessitados, mas... Senhoras da mais alta estirpe se acotovelam num espetáculo dantesco (dantesco é ótimo, né?) disputando um pedaço de chouriço ou uma fatia de torta...Patético!É um grande bolo de senhoras quase se estapeando, um amontoado de traseiros bem cevados, transformando um almocinho solidário num rega-bofe de última.E juro por Deus, é um programinha de dez reais e tem madame que manda o motora ir buscar sua “dose”, numa quentinha, já que não pôde ir.O que aconteceu com as pessoas finas, caíram pelo ralo?Numa festa de quinze anos, jovens detonaram a mesa dos doces na entrada. Como se o gesto de grosseria justificasse, senhoras portando elegantes e carésimos vestidos, passaram a mão em pratos de jantar e, (perdoai-as, Senhor!), encheram cada qual o seu e levaram 'suas marmitas' até as mesas, para serem degustadas após o jantar...que ainda nem havia sido servido.As boas maneiras foram para o espaço, junto com a nossa elegância. De que adianta uma roupa cara demais para pouco preparo?Senhoras falam com talheres à mão, numa exibição de esgrima.Nos embarques vejo, hor-ro-ri-za-da, pessoas apressando o passo para driblar uma jovem mãe com bebê, e tal da baby-bag nas mãos...Por outro lado, fomos ficando acostumadas a falta de glamour...Eu, meu bem, sou do tempo em que homens levantavam cada vez que nós, mulheres, deixavámos a mesa. Eles abriam a porta do carro, verificavam se nossas saias estavam acomodadas, fechavam com de-li-ca-de-za e aí sim, davam a volta.Desciam escadas sempre a nossa frente e andavam pelo lado de fora das calçadas.Homens que ainda nos davam livros - bons - de presente. E um brilhantinho que a gente também gosta, claro.Que nos convidavam a dançar. Ao final, agradeciam a gentileza e nos acompanhavam de volta a mesa. Hoje é um gesto de cabeça, tipo “topa?” e zero emoção.Quando nos buscavam em casa, não ficavam buzinando. Desciam, cumprimentavam os presentes e nos acompanhavam...Bons tempos.Nessa época se comia de boca fechada e ninguém seria capaz de indagar sobre sua vida sexual durante um jantar...principalmente sendo um amigo.Educação é artigo original de fábrica. Mas pode ser acessório adquirido por quem não teve, digamos, berço.Parabenizar pessoas em datas especiais, ser pontual, gentil, não falar alto nem beber demais, dar assento a uma pessoa mais velha, facilitar o acesso de grávidas e crianças, tudo isso é tão básico que nunca imaginei que seria artigo raro.Mas os espetáculos a que somos submetidos nos fazem imaginar se os inadequados seremos nós...Isso não é frescura não, querida. Isso são bons modos!veracascaes@gmail.com
Postado por Vera Cascaes às 22:36 1 comentários

Nenhum comentário: