terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Chegaaaaaaaaa!


Dizem que opinião e pescoço, cada um tem o seu. Pois é, para evitar confusão, tento lembrar disso mas às vezes é tão difícil... Sei que é mais prudente calar a dizer o que penso sinceramente. Já escrever... Aqui, nesse espacinho, não consigo abandonar a franqueza e a transparência; sou como sou e o resto; bem, o resto a gente resolve depois...Ou dane-se, o resto.
O caso é que escuto coisas e fico naquela “cuíra” para devolver a bola exatamente como recebi: fervendo. E nem sempre posso, não é?
No dia a dia, quando é para apontar erros alheios, usamos vários pesos e muitas medida; é mais quem se habilita a uma crítica... Já para olhar o próprio rabo... Somos humanos, mas quando a parcialidade vira vício, custo a lembrar disso.
Reclamamos que “o povo” não tem educação, “o povo” atende mal, “o povo” não sabe escrever, isso e aquilo. Nós, afinal de contas, não somos o tal do povo, que emporcalha a cidade com lixo, que atira coisas pela janela, escreve porcalhão com “x” e blá, blá, blá... Eles, os que são “povo” (pobres e sem educação) são a desgraça e nós...A elite, não é? Somos os elegantes e bem educados. Então tá.
Enquanto isso, na Batcaverna... Mulheres chiquérrimas, equilibradas em Louboutins de reluzentes solas vermelhas, passam a mão no sousplat e amontoam trufas e docinhos sem nenhum constrangimento, enquanto os filhos correm pelo salão, pisoteando o chocolate. Na mesa ao lado, o rotundo senhor reclama da idade do scoth e quer que baixem o volume da música enquanto os rapazes da banda e-xi-gem (assim mesmo) uma mesa especialmente reservada para suas...Namoradas. (Meigo,isso!) Todas em mini vestidos que mais parecem blusinhas brilhantes e chicletes misturados ao gloss. Purpurinado, claro... No banheiro, uma jovem senhora limpa o batom nas toalhas monografadas da cesta de conveniências, a fim de retocar a maquiagem.Os lencinhos de papel estão ao lado... Na entrada, alguém atrasado “exige” sentar com os amigos e arremata: “Sabe quem sou eu?”.
É o inferno? Não, querida, bodas de pessoas como eu ou você; um casal bem relacionado comemorando vinte anos de casamento. O inferno, já se disse, são os outros.
Francamente? Nenhum anfitrião merece! Aliás, ninguém merece falta de modos! Arre, onde anda meu Calman?
Fico imaginando o que mais pode acontecer na balada de Belém, quando alguém me conta que durante sua festa, “sumiram” oitenta e poucos guardanapos. Como, “sumiram”, cara pálida? Simples: viraram marmitas para alguns docinhos ou foram dobrados sem cerimônia e colocados nos bolsos e nas bolsas... E não era o povo, os pobres e sem educação. Eram os nossos colegas de mesa! Como alguém tem co-ra-gem de juntar docinhos em guardanapos (do bufê!) e sair assim, com essa cara lavada, (aliás, bem maquiada) achando normal? O que essas pessoas andam cheirando além do insuportável Poison? (Será que eu é que ando chata demais?). Como alguém “passa a mão”em 12 cartelas de Engov da cesta do banheiro e leva feito suvenir, na cara dura?
E minha amiga festeira arremata: Ah, faz parte...
Pra mim, nada disso faz parte, mas...
Ah, o que somos capazes de fazer por um docinho! Por isso, uma colega resolveu inovar e oferecer mimosas caixinhas para quem quisesse levar um, digamos, lanchinho. Ela ainda me conta que na festa dos quinze anos da filha, rapazes furaram as toalhas com cigarro... Dezenas de furinhos fazendo ondas... Quem são essas criaturas? De qual invasão saíram? Não, querida, são nossos filhos, me adverte a outra... Nossos não, cara pálida sem noção! Dos outros, que fique bem claro, por que se fossem meus...
Lixo? Quase a mesma coisa. A madame reclama do “povo” mas joga a embalagem do lanche pela janela do carrão: É bio-degradável, se desculpa. Vai “desmanchar” na primeira chuva...E daí, minha senhora? Cocô também desmancha na água, vai jogar na calçada?
Fico matutando sobre a preocupação geral com o planeta que vamos deixar para o nossos filhos... Não deveríamos inverter a questão? Afinal, quem estamos educando para herdar o planeta? Uns idiotas que sabem tudo de tecnologia mas não sabem dar bom dia ou levantar para um idoso? Uns Tiriricas que não sabem escrever direito e tudo é “naum, miguxa, kara, tah ligado, phoda...”
Dizem que palavras voam, exemplos arrastam. .. Será que isso aqui ainda tem jeito? Se depender da gente, a vaca já está no brejo. Sem calcinhas.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Também recebi uma medalha


Venho recebendo envelopes metálicos com medalhas, calendários e livros, tudo muito organizado e com boleto bancário.
Sou católica e adoraria contribuir para a divulgação da minha religião, pois faz tempo que não ouço falar na inauguração de uma igreja, por exemplo.
O catolicismo parece estar fadado a desaparecer, como certos cultos da idade média; é uma pena.
Os padres seguem a orientação de Roma e não realizam casamentos "fora da igreja". Quer dizer, isso se você não for filha de algum político ou de gente
com certo poder - quando é assim, até João Paulo Segundo - meu Papa Pop e eterno - duvidaria do que uma boa relação é capaz.
Mas para o fiel comum, aquele que dobra os joelhos todo domingo e pede a Nossa Senhora de Nazaré um ano tantinho melhor, aí a coisa muda.
Só na Igreja. Outros cobram , e bem. Os pastores, em geral, vão de graça e de muito boa vontade. Isso é conhecimento de técnicas de venda e RP.

Mas voltando a tal medalha.
Pois é.
Fico aqui imaginando quantos, como eu, não querem desafiar a ira dos céus e acabam contribuindo?
Eu pago bem menos do que sugerido, nunca passei de R$ 5,00 por boleto...Mas fazendo as contas...
Uau! Isso dá uma boa grana, capaz de manter um hospital, por exemplo. O que se faz com essa verba?
Quem controla? Quem recebe?

Ninguém me diz quem são essas pessoas.
Quem é o articulado Padre Lourenço Ferronatto que me escreve cartinhas que parecem saídas da propaganda cansativa da Seleções.
Como existem duas ou mais associações de santos diversos convivendo sob o mesmo manto de propaganda e venda?
Como é isso?

Quem pode me dizer o que é todo esse marketing?

Claro que quero ver minha religião solidificar-se pelo mundo, mas que isso tá estranho, ah, tá!
Quem se habilita?

Vejam que a dúvida não é so minha...

Visitem:

http://polemikos.com/?p=281

Foto de www.fashiondrikagaby.blogspot.com , que aliás, comprou de bom coração!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Saudade de mim


Ando com uma saudade danada de mim. É aquela dor, aquele arrastar de correntes de quando a gente sabe que nada vai trazer o entre querido de volta, a morte é irreparável; o tempo perdido também.
É uma pena que a gente não tenha essa sabedoria aos dez, aos quinze anos, quando não conseguíamos prestar atenção em nada além do próprio umbigo e do menino que não retribuía um sorriso cheio de promessas.
Morro de saudade de um tempo que se foi pra não voltar; e se eu soubesse disso, teria tentado fazer as coisas mais bem feitas, ou pelo menos, teria tentado tornar minhas memórias menos dolorosas.
Sinto falta dos almoços no apartamento dos meus avôs, cuja sala de costura aos domingos acomodava uma enorme mesa, cheia de gente falante e feliz. Depois de um almoço farto, a gente saboreava o bolo da Linete; com o café viriam os biscoitos da minha avó, cuja receita trazia medidas em pires, que coisa. E era tão bom... Dia de tomar Coca-cola e ver os primos, nossos vizinhos inseparáveis.
Sinto falta daquela sensação de que família não se perde, nem que você faça todas as merdas do mundo. Que as brigas entre irmãos acabarão junto com a acne e o medo da mulher do táxi.
Sinto falta da casa da outra avó, a velhota mais incrível que já conheci. Baixinha, linda feito a Greta Garbo, com cabelos azuis como caneta Bic. Ela me albergava durante longas temporadas e me deixava ler fotonovelas, livrinhos da Brigitte Montfort, a filha de Giselle, a espiã nua que abalou Paris. O Cruzeiro, Querida, X9, Seleções e Coquetel de Palavras Cruzadas também faziam parte da minha diversão, meio incomum para minha idade, é verdade. Sinto falta do leite “embolotado” e do pão das quatro da tarde, da Camões.
Fico lembrando das visitas que fazíamos à família do Dr. Fayal, uma casa enorme na Pedreira onde havia uma máquina de bater açaí. Sinto até o aroma!
O círio, na janela do Dr. Morrisson. Da casa do Luciano e da Ivani, um passeio e tanto até Miramar, onde moramos por uma temporada, que bárbaro. Eu subia nas árvores, cochilava no mirante vendo os barquinhos com os remadores que passavam pertinho, andava com os cães da vizinhança, fingindo que eram meus e que um lote era uma fazenda inteira.
As festas eram ótimas e menores. E muito, muito melhores. A animação vinha do coração, sem nenhuma pirotecnia. Havia a Barraca da Santa, a Feira da Providência, o jantar de São Judas Tadeu. Era uma época em que a gente comia de tudo e ninguém tinha essa neura de dieta. Aliás, as mulheres que faziam sucesso eram bem fornidas de carnes e saúde - e a gente ia aos velórios de mortes “morridas” pela idade, já bem entradas nos anos. Parece que quase ninguém morria de bala, de batida de carro, de assalto então, nem pensar. Câncer era uma coisa que não se falava, mas ainda acho que adoecíamos menos, enfim.
A gente visitava os amigos e era uma festa, café, bolo, biscoitos e Guarassuco; tinha a hora de ver fotos de parentes ausentes, de festas familiares. Era hábito “mostrar a casa” aos que ainda não a conheciam. E isso era um gesto de carinho, jamais de exibição – ou cafonice.
Na minha rua, a gente esperava o convite para as festas da família Guapindaia. Havia sempre banho de piscina e arroz de galinha, que maravilha. No finzinho do quarteirão, a casa da Beth e do Hugo, onde escalava uma goiabeira que era fácil de subir mas péssima de descer – e eu sempre descia de uma vez só, com aquelas cascas cravadas nas pernas.
Nessa época então, sinto falta do Mosqueiro, onde a gente conhecia quase todo mundo e as férias eram deliciosas. O jogo corria animado na casa do Curt e com sorte, dava para assistir ao espetáculo que a Maizé, Edna, Acatauassu e o Paes Barreto davam nos esquis. As pessoas modernas naquela época eram muito mais chiques e menos pretensiosas. Isso era ter estilo, meu bem!
Eu era só uma moleca tagarela, que sempre gostou de estar entre adultos, mas... Ai, que saudade de mim!