segunda-feira, 7 de junho de 2010

Se eu não me amasse tanto assim




Assustou-se? Pois é, mas o amor (por outros) grafita paredes, rola no rádio e une palavras em versos cheios de paixão, às vezes por quem nem quer ser objeto desses sentimentos que podem virar vendavais - e ninguém estranha, nem quando a rima é com dor, ou traição. Amar a si, antes (e apesar) de tudo, parece ser coisa dos egocêntricos e não dos saudáveis.
Outro dia, uma pessoa me cobrou as nossas “fotinhas” que ficavam aí no canto; era desculpa para alfinetar aquilo que chamou de “registro dos meus quinze anos”. Em público, claro; espetáculo exige platéia. Pois bem, queridinha, prometi inspirar-me em você numa crônica; não tema, graças aos céus (e alguma terapia), dificilmente me altero por bobagem.
Não sei a razão da ausência das fotos, não faz diferença. Mas o que você queria realmente saber, sim, a minha imagem era fruto de photoshop, claro! Um carinhoso trabalho do nosso amado S. Raimundinho, mais conhecido como “Zero” (de 007!) aqui na casa, que me deixou mais jovem e com pele de bebê. Coloquei-a no cantinho, uma vez que os amados leitores, (inclusive você!) merecem o melhor, mesmo que o melhor seja retocado. E pra quê mais existiria a técnica, a não ser para nos deixar muito bem na foto? Você se enche de botox e ninguém torra sua paciência; vê como tem gente boa no mundo?
Pois é, mas é agora que começa a crônica; afinal, não iria me ocupar da sua falta de assunto, ou da sua implicância, já lhe dei mais ibope que merecia, “amiiiga”!
Bem, lembram que tempos atrás andei meio “pra baixo”, coisa e tal? Pois é, passou, claro, e me deixou muito melhor- pelo menos por dentro, ô raça!
Outra pessoa, essa de bem com a vida, ligou dizendo que “pelo astral da foto”, (daquela, retocadíssima!) sabia que eu estava bem e ficava feliz, amém. Isso se chama generosidade, algo que torna melhor qualquer dia enfarruscado, que faz que um raio seja o sol inteiro. Essa é a diferença, percebe?
A maneira como a gente se coloca diante das pequenas coisas ou dos grandes acontecimentos determina todo o resto – o que recebemos da vida é apenas o troco do que oferecemos.
Há quem veja uma festa como uma oportunidade rara para celebrar as amizades e existe quem ache que é um compromisso, uma chatice - isola pé de pato, mangalô três vezes. É a tal história do meio cheio ou meio vazio, enfim.
O que alguém que não trata a si mesmo com carinho, pode esperar dos outros?
Passei dessa fase (desculpa, tá?), pois descobri que ninguém consegue “ser” feliz, mas sentir-se feliz só depende de cada um, é a escolha dos que vivem bem e semeiam bem estar, pode reparar.
Às vezes, ouvia que deveríamos amar a nós mesmos antes de arriscar qualquer amor, mas me parecia conversa de fotonovela ou álbum de debutante. Não tinha percebido o quanto estar bem consigo mesmo é fundamental para desfrutar o lado bom da vida e relevar os maus momentos – todos passam por eles, não é exclusividade de ninguém. Achar-se perseguido, odiado, invejado por todo mundo é coisa de quem precisa de amor; de amor próprio.
Talvez seja esse o segredo daquelas pessoas para quem quase tudo parece dar certo, como se vivessem eternamente no paraíso, mesmo quando as coisas não vão tão bem assim. Não, não estou dizendo para você ser um desses otimistas tolos e alienados, apenas constatei que a vida é melhor quando a gente consegue esquecer o que os outros pensam, para ouvir o próprio coração; quando conseguimos rir das nossas dificuldades e valorizar o que temos de bom. É melhor ser um guerreiro Jedi, no lado “bem humorado” da força.
Depois do meu pequeno reparo no título da música, concluo com os versos de Paulo Sérgio Valle e Herbert Vianna:
... Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão

...Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração...
Ver flores só depende de você, isso é certo. A vida, menina, é uma só, então aproveite não só a festa, mas o photoshop – os espertos conseguem deixar tudo melhor do que é! Mas lembre-se que colheitas não aguardam muito tempo e...Carpe diem!