terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ano Novo. E eu com isso?


E daí?
Eu bem que tentei. Juro que iniciei quatro ou cinco vezes, um daqueles textos cheio de otimismo, que me rendessem, quem sabe, alguns cumprimentos; afinal, essa é uma época em que tudo está louco para se emocionar e verter lágrimas que há muito não apareciam assim, no meio da manhã...A vida pode continuar a mesma droga, mas amanhã, uau! É dia de tomar todas, de brindar o Ano Novo. Novo em quê?
Hummm...Tentei apelar para a paz mundial. Muito vago. Quem é que, aqui em Belém, está preocupado onde serão atiradas granadas ou explodirão os homens-bomba tão sem noção? Não, paz mundial é um pouco distante.
Violência? Isso a gente conhece. Muito. Tanto que ficou corriqueiro demais, doloroso demais, apavorante demais.
Pensei em tanta coisa para escrever uma bela crônica de final de ano, mas nada foi pra frente. Até a comovente história do casal que, tendo cinco filhos biológicos, adotou mais quarenta e seis! É isso aí, e a gente reclama de dois moleques arteiros, não é mesmo? Mas ainda não era o gancho.
Humm...Teve também a família de Ribeirão Preto, que vai deixar o carro na garagem até que nasçam os filhotes da mamãe Beija-Flor que fez o ninho num cabo, por baixo do carango, que bonitinho. Lindo, mas meio bobo. Não era isso.
Tentei aquelas mensagens sobre perdão e até assisti uma parte de “Em Busca da Felicidade”, mas confesso que logo me senti exausta com o Will Smith andando, andando...e se ferrando, credo.
O que estava acontecendo? Procurei algumas crônicas antigas, quem sabe pudesse dar uma maquilada ou até entrar no clima? Nada.
A verdade é que não quero saber dessa conversa de perdão, de ser melhor, de ter fé e muita, muita esperança. Não quero esperar nada melhor para o ano que vem.
Esse, foi muito peculiar e, para ser franca, uma das coisas que tive que aprender foi resistir à vontade de esquecer fácil e correr os mesmos riscos novamente.
Não, eu não quero saber do por do sol de Boiçucanga ou do Arpoador, tanto faz. Não me agrada ouvir Celine Dion ou qualquer uma daquelas musiquinhas doces que já me encheram os olhos de lágrimas, tempos atrás. Eu não quero participar da propaganda da Globo, dá licença ?
Apesar desse clima quase histérico de bondade, apesar dessa alegria obrigatória com data e hora para chegar, eu não estou a fim, me perdoe!
Apesar do seu prosecco ou seja lá o que for que borbulhe nessa garrafa que todo mundo acha que deve entornar, estou em recesso. Posso?
Por mais estranho que pareça, não quero ir para o Hangar, nem para a Assembléia, muito menos me estuporar naquele engarrafamento, para acabar tomando chuva no Atalaia.
Meu reveillon será em casa, quem sabe com uma saladinha de bacalhau e um potente ar-condicionado. Provavelmente, às onze estarei na rede, assistindo um episódio velho de uma dessas séries da TV paga.
Triste? Se me colocasse a pensar em como anda nossa terrinha, certamente entraria num desses pitis existenciais que também não fazem muito a minha cabeça.
Zangada ? Nem um pouco. Não entre nessa de que quem não está no circo está deprimido.
Apenas esse ano eu quero estar assim, um pouco mais comigo mesma, só isso.
E daí que amanhã vai ser ano novo?

sábado, 20 de dezembro de 2008

Já é Natal, de novo!


Amanhã é Natal!
Tempo de desejar felicidade, saúde; prosperidade.
Tempo de pedir desculpas, de esquecer velhas inimizades, encrencas tolas que se tornaram correntes.
Amanhã é Natal.
Eu deveria procurar todos os que não fiz o menor esforço para encontrar durante esse e outros anos.
Quem sabe oferecer um cartão, um vinho quase raro ou um belo e comum pão de frutas, com um lembrete de que amizades devem resistir a tudo isso, inclusive ao parentesco?
Será que resistem ao pouco caso? Ah, é tanta coisa para tão pouco tempo.
Sempre existe um presente faltando; nem sei pra que temos tanto trabalho para entregar o pacote escusando-se, pois é sempre “só uma lembrancinha”, ano após ano. Lembrança não admite diminutivo, é plena e impagável.
Tão pouco tempo...Fritar as rabanadas que passarão uns dias na geladeira, cobertas por papel alumínio, ao lado de tantos potinhos com monte de coisas que jamais apreciei; afinal, porque compro tâmaras secas e aquelas coisas que nem consigo mastigar? Damasco...Desde quando como damasco, assim, “a seco”? Ah, não tive tempo para tanta coisa que gostaria de ter feito e ainda vou ter que atender telefone, enquanto suo em bicas tirando e colocando o bacalhau mais um pouquinho no forno. Mas estou excitadíssima, amanhã é Natal; já conferi mil vezes aquela listinha que só faz crescer e sempre falta alguém.
Na verdade, já entreguei quase tudo, no dia, ufa!, estarei cansada demais.
E então, ho,ho,ho,ho; todos teremos um Feliz Natal, amém, Senhor.
Como queria que esses votos se transformassem em realidade, como queria mais uma confraternização, mas cadê tempo?
Depois de amanhã, a vida segue igual; e do Natal só sobrarão papéis espalhados pela casa e algumas rabanadas na geladeira.


FOTO: Francisco M S Botelho www.img.olhares.com/data/big/46/463026.jpg

domingo, 14 de dezembro de 2008

E aí, pai, como vão as coisas? (Especial para o pessoal de Belém)


E aí, pai, como vão as coisas?
Por aqui estão diferentes; isto é, pioram a cada dia. Em todo lugar a conversa não é o Natal ou o reveillon em Salinas. Violência, esse é o tema.
A vítima mais recente, (até quando?) foi o nosso bom Salvador, teu risonho anjo da guarda que tanto nos amparou quando ias e vinhas do Incor, já nos teus últimos tempos. Inacreditável, não? Tão jovem, alegre, ‘cheio de vida’ e se vai assim, de forma brutal e sem sentido. Toda morte é burra, mas algumas são mais.
Acho que todos têm uma boa lembrança do Salvador; do quanto sempre esteve disponível a quem necessitava dos seus cuidados. Lembro quando me ofereceu o número do celular, fazendo piada que esperava que nunca precisasse chamá-lo; caso contrário, não deveria titubear! E assim foi, mesmo no dia dos pais ou durante uma madrugada que apenas começava. E ele vinha, sem qualquer contrariedade de estamos acostumados a perceber em quem não ama o que se propõe a fazer, e nem tenta disfarçar. Não o Salvador.
Em compensação, meu velho, tem gente cujo celular é absolutamente dispensável e que se faz de difícil, fantasiando que existe quem queira encontrá-lo.
O Salvador, não. Sempre tão requisitado e tão carinhoso. Numa das últimas vezes que estive checando o ‘cardíaco’, achou um tempinho para um dos seus arroubos de amizade: “Olha, adoro o que escreves e ‘te leio’ sempre!” . Grande Salvador.
Essas pessoas generosas, que se vão de uma hora para outra, levam um pouco do assunto, da alegria de cada dia. Belém ficou chocha, sem graça. Não dá para esquecer (Que coisa estúpida!). E nós, os sobreviventes, vamos ficando como previste; trancados, sem sair à noite, preferindo pedir tudo pelo telefone. Pena que nada disso evite tropeçar num desses filhotes da ignorância, da miséria e da impunidade; de arma na cintura, prontos a disparar.
Depois, alguém ainda vai dizer que é culpa nossa, que não deveríamos ir a banco pegar dinheiro. Ou a qualquer lugar. Que jóia não é para usar. Nem carro. Nem sorriso ou felicidade estampados na cara. É perigoso! E que se morre por reagir.
Somos culpados por estarmos vivos, por não sermos miseráveis; isso é o que parece.
Quem nos dará as regras para sobreviver? Nós é que ficamos acuados, ensaiando o que não fazer numa hora dessas, rezando até que o último filho entre em casa, tranque o último dos cadeados e nós, os prisioneiros, permaneçamos feito bichos sem donos, por mais uma noite.
A nossa governadora declarou, através da Assessoria de Comunicação, que “Lamenta...morte...injustificável...a violência urbana precisa de um basta...”, do renomado Dr. Salvador Nemias (sic). Dá para pensar que se trata do desabafo de alguém como nós, impotente quanto ao que se passa no estado, que é visto pelo resto do país como ‘terra de ninguém’, um verdadeiro faroeste. E haja audácia, em assaltos a bancos ou ao cidadão comum que tem o carro tomado ‘na marra’; ao pai de família que cai numa esquina qualquer. Realmente chegamos a um ponto onde não existe explicação. Ou justificativa. Se até o governo acha que basta, imagine o povo! Talvez fosse interessante resgatar aquela conversa da época da campanha (de todas elas); naquele tempo sabiam exatamente o que fazer e agora? Porque não fazem? O que falta para acabar com esses esquemas da ‘saidinha’? (Que eles existem, ah, existem!) Onde está toda aquela estratégia de quem prometia resgatar a segurança,, a saúde e... É, rapadura é doce mas não é mole, não. Enfim, a coisa por aqui está feia! Feia e triste.
Nunca imaginei que Belém se tornasse um lugar onde se tem praticamente tudo de ruim de uma megalópole e pouco do bom.
No mais, continuo imaginando um lugar calmo e seguro, minha Shangri-la, minha Passárgada. Daí, continua zelando por nós. Estamos precisados.
Um beijo saudoso da filha,
Vera.

Comigo na rede.



Que sou viciada em Internet todo mundo já sabe, mas hoje, que estou boazinha, vou partilhar algumas descobertas. Deliciosas inutilidades e temas absolutamente essenciais. Ou inusitados.
Se você gosta de navegar, aproveite. Se ainda não é sua praia, recorte o Bom Dia, guarde e aguarde. Vai ser útil, com certeza.
Esmaltes incríveis, eis uma das minhas paixões. Descobri um blog dedicado exclusivamente às combinações de esmaltes, isso mesmo! Efeitos maravilhosos, com fidelidade de tons bastante satisfatória. Onde mais você descobria que Carmem e Carmim, ambos da Risquè, ficariam ma-ra-vi-lho-sos? Em vez de ficar testando, vá dá, dê uma fuçada e copie. http://www.utilidadefemina.blogspot.com/
Você sabe calcular as quantidades de ingredientes para uma bela feijoada? Eu não tenho idéia de quanto colocar de paio para dez pessoas. E a costelinha? Pois meus problemas acabaram! Os seus também; inventaram a ‘feijoada-calculator’ e não dá para errar. Cozinhar, é uma outra história... http://baixaki.ig.com.br/download/Feijoada-Calculator.htm
Quer encontrar um número de telefone sem gastar? Essa é fácil: http://www.via102.com.br/ Mais fácil (e de graça!) é só ligar 102-030 (Se discar só 102, é pago, viu?)
Problemas para traduzir um pequeno texto, até 150 palavras? Ou um site? No http://br.babelfish.yahoo.com/ é muito fácil. Na hora do aperto, durante uma leitura na net, é ‘uma mão na roda’. A outra, no teclado, claro!
Viajar sem ter certeza do clima é um perigo. (Sei bem disso!). Na rede você pode encontrar tudo sobre o tempo no mundo, no http://www.climatempo.com.br/ ; em português, com facilidades inclusive para saber se vai dar praia! A pesquisa instantânea pode ser pelo nome da cidade ou pelo Cep. Hum...Falando em Cep, http://www.correios.com.br/servicos/cep/
e pronto!
Se gosta, recitar Salmos, em especial o 91, é muito bom. O http://www.portalamgels.com/ tem todos, com acesso super fácil, mais os anjos da Bíblia e orações.
Para quem quer toques sobre decoração, compras arrojadas e charmosas para o lar-doce-lar, http://www.casadacris.uol.com.br/ é, como diria a Rejane, “tudo de bom”. Não é por ser da filhota, mas o http://www.coisadearquiteto.com.br/ também tem coisas interessantes, dicas charmosas e é daqui, da terrinha. Para quem gosta de mudar os ares do apê, é um achado.
Tá cansada daqueles pratos cheios de frescura, tipo tudo ao perfume de alguma coisa? Quer umas receitinhas fáceis mas muito legais? http://www.mixirica.com.br/ é bem intimista, tem até umas gororobinhas velhas conhecidas, como o biscoitinho da vovó. No http://www.cybercook.com.br/ você encontra um banco de receitas gigantesco.
Bug na máquina? Se você entende o suficiente para buscar ajuda na rede, tente http://www.clubedoharware.com.br/. Artigos e fóruns onde você vai encontrar a solução para seu problema, inclusive se estiver entre a cadeira e o monitor.
Mau humor? Corra para http://www.kibeloco.com.br/ . Sem cometários!
Sou fanática por organização, a-do-ro certas dicas de como otimizar espaços e deixar tudo mais ‘à mão’. http://www.cristinapapazian.com.br/ é o site de uma das mais respeitadas experts no assunto. Vamos deixar de preguiça e dar uma arrumada no cafôfo, amiga, ou qualquer dia você pode perder o pet ou o filhote no meio dessa bagunça!
Falando nisso, conheço uma pessoa que reclama que nunca tem tempo pra nada, inclusive para dar uma renovada na decoração, que permanece a mesma ano após ano. Júlio César Zanluca, no http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/administracaodotempo.htm ensina a poupar tempo no trabalho e ainda fornece um link para baixar um curso gratuito.
Problemas para encarar a concorrência no disputado mercado da paquera? Sem prática depois de um longo casamento? Ora, ora. Sérgio Savian é um especialista (pelo menos é o que dizem...) e já esteve no Jô. No http://www.mudancadehabito.com.br/amor/artigos.php
dá ignorar a venda agressiva da obra do autor e consultar uma bela lista de artigos. Pensando bem, se você passear pelos sites citados vai ter muito assunto, que é o que todo mundo sente falta ‘antes’ e ‘depois’. Boa sorte e me dê um clic !

domingo, 7 de dezembro de 2008

Podre de Chique!


Recentemente ouvi de uma formadora de opinião que certa pessoa era ‘muito, muito elegante’, um modelo a ser imitado. Então tá! Fiquei quieta, a vida me ensinou que nem sempre se deve emitir opiniões; aliás, o melhor é ‘quase nunca’, enfim, chega de levar coice por abrir a boca.
Não sei se estou ficando ultrapassada, se meus conceitos estão um tanto “retrôs”, como diria a filha de um amigo; confesso que para mim, elegância é outra coisa.
Admiro (sinceramente) pessoas bem vestidas, que têm um traje arrojado para cada uma dessas ocasiões que para nós (os que apenas se apresentam bem ou mais ou menos...) nem sempre são “especiais”. Existe uma enorme injustiça com mulheres bem cuidadas, que freqüentemente recebem a pecha de fúteis; pura inveja de quem não consegue ser caprichosa.
Adoro essas patricinhas e patriçonas modernas, que estão sempre com a cabeleira no lugar, maquiagem tinindo, perfume da hora, sapatos lindos de chorar, bolsas capazes de fazer uma mortal comum comer um crime. Até os cães dessas mulheres são chiques, bem tratados!
E elas parecem não suar! Mais que um “personal-ventilator”, capaz de deixar o cabelão sempre assim, quase voando (para trás, claro!), elas devem ter um dispositivo de resfriamento de ar por baixo das roupas. A pele não fica melada, o batom não racha. Ah... Os pêlos não crescem nunca, uau!
Sempre defendi as mulheres que não deixaram que a maternidade e o tempo acabassem com a vaidade e a capacidade de se apresentarem impecáveis a qualquer hora, como se nunca usassem um camisetão velhinho, um par de havaianas surradas ou o cabelo desgrenhado de quem acabou uma faxina. Imagino-as comendo caranguejo toc-toc, com o maior charme. Esse era meu sonho, adoraria ser assim, verdade!, tanto que tenho pinças e umas garrinhas, chiquérrimas, para usar lá na AP, mas nunca aprendi a tirar caranguejo, sou uma lástima!, voa unha pra todo lado.
O fato é que elegância vai além de estar bem vestida ou com cabelo bem cortado; apesar de ser fundamental, claro! É alguma coisa que vem de dentro, que emana em cada gesto e aí sim, coroa com brilho espetacular as que, ainda por cima, são chiques.
Nem sempre é isso que a gente vê.
Nada é mais deselegante que essa cara de tédio, esse ‘saco cheio de tudo e de todos’, um filme chato, eternamente em cartaz. Tampouco tentar se tornar uma pessoinha difícil, do tipo que não dá bola pra ninguém, não prestigia as festinhas ‘marromenos’ dos amigos ou faz um pequeno esforço para reconhecer as pessoas com quem cruza no shopping. Ou no Boteco, mesmo que seja parente distante...O pior que esse tipo é o mais comum. Gente que ‘se acha’ e não cumprimenta, que jamais lembra seu nome, que chama garçons com desdém, que acha que deveria estar sempre na melhor mesa ou quer que você saia da mesa onde estava para que fiquem à vontade; que é sempre ‘um amor’ com fotógrafos mas trata a maioria como seres inferiores...
Mesmo que se cubra com as melhores griffes e que, para meu desespero, pise nos outros com as solas vermelhas de um legítimo Christian Louboutin; (eu falei le-gí-ti-mo!) ainda assim, falta muito para aquela elegância que a gente tem certeza que não vem só do berço, vem da alma. Trocando em miúdos, ser um belo cabide é quase fácil; basta ter grana, estilo e um bom corte de cabelo.
Elegância não custa caro mas não é para qualquer um. Ser agradável, descomplicado e bem humorado é ‘o máximo’! Retornar ligações, parabenizar amigos, evitar excessos de sinceridade, não brigar com familiares em público, saber elogiar e agradecer os elogios que recebe; agradecer, agradecer e agradecer sempre -isso sim! - é coisa de pessoas - homens e mulheres – elegantes! Quando têm bom gosto, aí se tornam absolutamente chiquérrimos. Um arraso!

Ano Novo. Encrenca velha.


Se você andou criando confusão – à toa; se brigou mais do que poderiam suportar, abusou do quesito “semear discórdia e mal estar” e chegou à conclusão de que está a um passo de ser mais querida pela ausência...Tchã,tchã,tchã,tchãnnnn...Seus problemas ainda não acabaram, mas podem acabar. Depende de você. (O que, convenhamos, não é um bom começo, enfim.)
Pois é, você quase recebeu o Troféu Encrenca 2008, mas lá pelas tantas, sentiu que, no fundo, gosta (muito mais do que desejava) de todos os que transformou em alvo de suas alfinetadas cruéis. No meio do sono, parece ouvir: Ho,ho,ho,ho! Atenção, atenção, última chamada para o paraíso. Para se reabilitar, plataforma um...
Então tá. Agora você faz o quê, no finalzinho do segundo tempo desse jogo campeão de violência explícita e disfarçada? Não dá para simplesmente telefonar, na maior cara-de-pau, pedindo muitas desculpas ‘por qualquer coisa’, não é mesmo? Até porque , do jeito que as coisas estão, é pouco provável que alguém queira atender uma ligação sua, tsc, tsc.
Olha, eu bem queria ter um surto de hipocrisia ou de algum desses sentimentos que acometem as pessoas no final do ano.
Queria acreditar naquelas listas de decisões bem intencionadas; em quem distribui uma dúzia de quentinhas na noite de Natal para aplacar o que quer que ande remoendo lá por dentro. Ah, como eu gostaria de ainda ter paciência para executar aquelas mensagens chatas, cheias de purpurina virtual, declamando as maravilhas de um mundo melhor, que há de vir com as pessoas do bem; aquelas, lembra? Como eu queria acreditar nos seus votos ocos.
Queria poder fazer cara de paisagem e fingir que não tenho cá minhas mágoas, que minhas reservas caíram por terra na medida em que senti saudades suas.
Mas não posso, sabe ? Sinto saudades de alguém que nunca existiu; ou se chegou a existir, você tratou de matar e enterrar bem enterrado.
Pena ? Não sei.
Já passei da fase de acreditar em fadas, duendes e ex-amigos redimidos. Isso não existe, meu bem. Prefiro acreditar em coisas mais...prováveis, por assim dizer. Inclusive no fato de que, com o tempo, você não me faz mais falta nenhuma.
Lamento dizer quem pode ser ao luxo de se achar odiada; não é, mesmo.
Tenho um amigo que diz que suportaria todo o rancor do mundo; mas a indiferença, jamais.
Pois isso devo a você; tornou-me mais madura, menos crédula, completamente indiferente.
E acima de tudo, mais forte.
Sua maldade me possibilitou descobrir possibilidades nunca imaginadas em mim mesma. Essa capacidade de sobreviver, de tomar a mim como melhor e mais confiável amiga...Será que um dia poderei agradecer?
Acho melhor que nem tentar, afinal, você está apenas naquela maré sentimentalista de final de ano. Logo, logo, vai esquecer da enchente, dos recém nascidos na lata de lixo e do quanto nos fez sofrer. Vai estar em baixa no planalto e, para chegar mais perto da amizade da hora, voltará aos games em que sempre foi mestra, jogando uns contra os outros.
Mas nesse campeonato, querida, dê minha falta. Tô fora. Out. Fui, entendeu?
Como ainda me restou um fiozinho de emoção nas veias, também fiz minha listinha e coloquei ao pé da minha árvore emprestada.
1- Não vou perder meu bom humor, nunca.
(Os outros itens? Ah, só Noel pode saber!)
Ho,ho,ho,ho!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Em branco


A segunda-feira chega e me ameaça. Devo escrever. Com aquela dose generosa de humor; rir é o que todos querem. Ou quase.
E eu que prefiro escrever sobre os outros, me pego olhando pra dentro em busca de sei lá o que, porque na verdade, não tenho muito a dizer. Não hoje, não nessa segunda-feira.
O Raimundo Sodré me dizia (quando mesmo meu Deus?, acho que foi sábado) sobre essa coisa de inspiração. Ele é poeta, faz com que as palavras tenham cheiro de patchoulli, de mato verde, com a textura de bordado delicado. Eu, sou só uma falastrona que nem sempre acha assunto. Ou graça.
Passo a vista nos versos do Ronaldo Franco, adoro ler sobre a Cidade Velha. Quase ouço aquele finzinho da chuva gotejando...Adoro chuva. O Alcyr Guimarães me brinda com palavras sobre uma segunda-feira qualquer. E então aspiro um pouco esse clima, justo a inspiração do papo do Sodré, e vou emprestando um tantinho de cada um, um tantinho do outro; as notas, o céu azul e as borboletas de um; as rimas e as sinas de outro, e a chuva, ah...a chuva...e os poetas vão me fazendo teclar; mais um pouco, mais um pouco...