*Já arrumei a bagagem pelo menos seis vezes. Alguns me dizem que em Londres estará frio, com certeza. O que quer dizer exatamente ‘frio, com certeza’? Quantas camadas de lã isso deve exigir? Ninguém tem uma resposta convincente. Metade da mala é ocupada por aquele mantô de tricô que vou me arrepender por ter levado, o casacão de lã que aparecerá em todas as fotos e a ècharpe preta que a mamãe me emprestou, que insisto em usar pendurada no pescoço e não ‘da maneira correta e elegante, as pontas de franjas passando por dentro, como num laço’. Decididamente não me interessa como acham que devo usar alguma coisa.
* Já tirei metade do que ia levar. Montei conjuntos, fiz contas, dá para passar trinta dias sem precisar lavar roupa, que bom. Inclui um tênis, todo mundo diz que é o calçado ideal para caminhadas, enfim. (Não que pretenda caminhar tanto.)
* Minutos antes de partir para S.Paulo, tenho um novo acesso de despojamento; abro a mala na garagem, retiro a sandália dourada, a segunda bolsa, uma agenda, uma calça jeans e acabo largando a fonte e o mouse do notebook que não deveria levar.
* Arrastando as duas malas para o bagageiro (onde ficarão guardadas até o embarque para o Porto), me ponho a rezar o ‘Santo Anjo’, para que me defenda delas.
* Portugal!!!Espero a bagagem na esteira. Minha mala nova (levei um tempão para achar da marca ‘Santino’, muito recomendada!), aparece, lindona. E atrás, o que sobrou do sitema de seis rodinhas com giro de 360º. Está se desmontando, junto com meus planos. Será que me multariam se eu a ‘esquecesse’ em algum lugar?
* Primeira lição, no Porto: ‘residencial’ é pensão, e não hotel. Pode ser que preste ou não. E o que se mostra no site, meu bem, pode não ser exatamente a verdade. Não era.
* Finalmente acomodada num hotel, confirmo o que já desconfiava; ‘maleteiro’ é coisa rara e as malas são minhas, com ou sem cirurgia. Comprei uma cinta, por via das dúvidas.
* Quero comprar isso e aquilo. Será que posso despachar minhas coisas pelo correio?
* Tenho vontade de amarrar os tênis e jogar para que fiquem enroscados num fio de alta tensão. Junto com as faixas coloridas, a bermuda ‘mais fresquinha’, o hidratante...
*Aveiro: tenho um hematoma em forma de rodinhas na canela direita. Nem me pergunte como consegui essa proeza.
* Lisboa: Minha mala parece um sanduíche com o queijo e o presunto sobrando do pão. Como não tem ninguém olhando, sento em cima e vou tentando correr o zíper, o que é uma manobra bastante complicada. Minhas mãos doem e tento evitar o desespero. Coloco parte do que não vou usar mesmo (tênis, inclusive!) numa mochila e me arrasto aos correios da estação Vasco da Gama. Setenta e dois euros depois, estou livre de seis quilos. De bagagem, claro. Volto para o hotel e vejo que fez pouquíssima diferença.
* Paris: depois de ver as ‘obras’ de Jeff Koons em Versailles, acabo tendo um pesadelo com uma enorme mala azul com dentes afiadíssimos, rosnando. Procuro não pensar mais nisso. Ainda bem que o dedão atropelado é na mesma perna da canela com hematoma.
* Estou mancando. Passo a usar uma sapatilha baixinha, ridícula; eu sempre usei saltos bem altos.
*Quase vinte dias fora de casa. Não cheguei a ver o que tinha na camada de baixo das malas. Não dá tempo. Elas deveriam abrir em duas metades, tipo essas revistas que a gente pode ler metade de trás pra frente. Seria bem melhor.
* Oito dias com o mesmo jeans. Estou uma perfeita européia. Em compensação, banho e lavagem do cabelo duas vezes por dia. Vou voltar sem cabelo.
* Despachei dois quilos de roupa suja. Cheguei à conclusão que não precisava ter trazido mais da metade daquelas peças inúteis que amarrotam. Ninguém presta atenção no que está embaixo do casacão, de qualquer forma.
* Na Gare du Nord tenho certeza que odeio malas em geral. Vejo as pessoas indo para Londres com valises que deslizam feito um poodle educado. Isso é que é elegância. Enquanto suspendo a última para acomodá-la no compartimento do Eurostar, a cinta enrola e acaba alojada justamente sobre a cicatriz que me lembra que não deveria levantar peso. Ah, então tá.
* Galeão. Duas horas esperando por elas, as malas. Despachadas finalmente para Belém, descubro que nem tinha tanto excesso, assim. Tento correr para o Duty-free. Não dá tempo.
*Belém: agora é ter que abrir e arrumar toda a quinquilharia. Por quinze dias terei pacotes, papéis, notas (pra quê a gente trás tudo isso?) e roupas de lã espalhadas no quarto.
* Decido comprar uma mala do tamanho que consiga ‘domar’. O trauma está superado e já estou disposta a arrastar ‘meu totó’ em outras plagas. E roupa, melhor comprar no caminho, mesmo.
* Já tirei metade do que ia levar. Montei conjuntos, fiz contas, dá para passar trinta dias sem precisar lavar roupa, que bom. Inclui um tênis, todo mundo diz que é o calçado ideal para caminhadas, enfim. (Não que pretenda caminhar tanto.)
* Minutos antes de partir para S.Paulo, tenho um novo acesso de despojamento; abro a mala na garagem, retiro a sandália dourada, a segunda bolsa, uma agenda, uma calça jeans e acabo largando a fonte e o mouse do notebook que não deveria levar.
* Arrastando as duas malas para o bagageiro (onde ficarão guardadas até o embarque para o Porto), me ponho a rezar o ‘Santo Anjo’, para que me defenda delas.
* Portugal!!!Espero a bagagem na esteira. Minha mala nova (levei um tempão para achar da marca ‘Santino’, muito recomendada!), aparece, lindona. E atrás, o que sobrou do sitema de seis rodinhas com giro de 360º. Está se desmontando, junto com meus planos. Será que me multariam se eu a ‘esquecesse’ em algum lugar?
* Primeira lição, no Porto: ‘residencial’ é pensão, e não hotel. Pode ser que preste ou não. E o que se mostra no site, meu bem, pode não ser exatamente a verdade. Não era.
* Finalmente acomodada num hotel, confirmo o que já desconfiava; ‘maleteiro’ é coisa rara e as malas são minhas, com ou sem cirurgia. Comprei uma cinta, por via das dúvidas.
* Quero comprar isso e aquilo. Será que posso despachar minhas coisas pelo correio?
* Tenho vontade de amarrar os tênis e jogar para que fiquem enroscados num fio de alta tensão. Junto com as faixas coloridas, a bermuda ‘mais fresquinha’, o hidratante...
*Aveiro: tenho um hematoma em forma de rodinhas na canela direita. Nem me pergunte como consegui essa proeza.
* Lisboa: Minha mala parece um sanduíche com o queijo e o presunto sobrando do pão. Como não tem ninguém olhando, sento em cima e vou tentando correr o zíper, o que é uma manobra bastante complicada. Minhas mãos doem e tento evitar o desespero. Coloco parte do que não vou usar mesmo (tênis, inclusive!) numa mochila e me arrasto aos correios da estação Vasco da Gama. Setenta e dois euros depois, estou livre de seis quilos. De bagagem, claro. Volto para o hotel e vejo que fez pouquíssima diferença.
* Paris: depois de ver as ‘obras’ de Jeff Koons em Versailles, acabo tendo um pesadelo com uma enorme mala azul com dentes afiadíssimos, rosnando. Procuro não pensar mais nisso. Ainda bem que o dedão atropelado é na mesma perna da canela com hematoma.
* Estou mancando. Passo a usar uma sapatilha baixinha, ridícula; eu sempre usei saltos bem altos.
*Quase vinte dias fora de casa. Não cheguei a ver o que tinha na camada de baixo das malas. Não dá tempo. Elas deveriam abrir em duas metades, tipo essas revistas que a gente pode ler metade de trás pra frente. Seria bem melhor.
* Oito dias com o mesmo jeans. Estou uma perfeita européia. Em compensação, banho e lavagem do cabelo duas vezes por dia. Vou voltar sem cabelo.
* Despachei dois quilos de roupa suja. Cheguei à conclusão que não precisava ter trazido mais da metade daquelas peças inúteis que amarrotam. Ninguém presta atenção no que está embaixo do casacão, de qualquer forma.
* Na Gare du Nord tenho certeza que odeio malas em geral. Vejo as pessoas indo para Londres com valises que deslizam feito um poodle educado. Isso é que é elegância. Enquanto suspendo a última para acomodá-la no compartimento do Eurostar, a cinta enrola e acaba alojada justamente sobre a cicatriz que me lembra que não deveria levantar peso. Ah, então tá.
* Galeão. Duas horas esperando por elas, as malas. Despachadas finalmente para Belém, descubro que nem tinha tanto excesso, assim. Tento correr para o Duty-free. Não dá tempo.
*Belém: agora é ter que abrir e arrumar toda a quinquilharia. Por quinze dias terei pacotes, papéis, notas (pra quê a gente trás tudo isso?) e roupas de lã espalhadas no quarto.
* Decido comprar uma mala do tamanho que consiga ‘domar’. O trauma está superado e já estou disposta a arrastar ‘meu totó’ em outras plagas. E roupa, melhor comprar no caminho, mesmo.
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