domingo, 15 de junho de 2008

Decifra-a ou...



Mulheres têm o hábito de se comunicar através de códigos, principalmente com seres amados. Como paciência nunca foi meu forte, imagino o quanto é necessário para conviver com esses seres delicados, incapazes de dizer claramente o que sentem, o que querem.(A verdade é que, as vezes, a gente complica, não é ?)Não? Ah, tá, então você é mulher e sua opinião é suspeita. E como eu sei? Ora, ora...
Quem, da turma masculina, não lembra quando encontrou a patroinha calada, ignorando sua presença, numa eterna conversa telepática com algum ser intergaláctico ? O amado pergunta o que está havendo, se aconteceu alguma coisa ou se ele, tadinho, cometeu uma falta grave. A resposta é sempre “nada...”. E ela cantarola baixinho, entra e sai do banheiro sem contar os detalhes da última confusão entre as amigas, escolhe roupas sem medir sua reação e sai, com um seco ‘tchau’.
Numa viagem que deveria ser o divertimento da temporada, ela entra no carro calada, fixa o olhar lá fora e vai assim, às vezes roendo uma unha hipotética (claro, não vai descascar o esmalte) até o trevo do Atalaia.
Outras conseguem ir a uma festa e permanecer mudinhas da silva, obrigando-o a tomar mais do que o desejável só para manter a boca ocupada.
Grávidas mereciam um capítulo a parte.(Acredite, nessa fase a gente se sente quase horrível, diferente das pouco barrigudas dos comerciais, lindas e amadíssimas.) Lembre das mudanças que ocorreram no corpo dela para que você fosse um pai lindão; banque o solidário, diga que ela está ma-ra-vi-lho-sa, não esqueça dos beijos na boca (mesmo) e não caçoe dos pitis. Se fosse seu o umbigo a pular pra fora, a coluna a ficar feito bambu ou os mamilos que viraram dois cookies; sem falar no parto (áaaaiii)...Você jamais seria ‘mãe’, querido.
Lição número um, meu caro; mulher calada é sinal de mau tempo. Chuvas não são obrigatórias mas prepare-se para trovoadas.
Não fomos treinadas a falar sobre nossos temores, nossas tempestades interiores, apesar de ‘saber tudo’ sobre o que se passa com você. A gente sempre acha que é chatice e acabamos muito mais chatas ao obrigá-los a decifrar esses criptogramas ou a discutir a tal da relação. Se você prestar atenção e puxar pela memória, vai saber direitinho quando é ciúme (sempre negado, claro!), neura com a balança (que você vai jurar que é coisa daquela cabecinha linda!), alguma encrenca com a sua mãe (e você carrega os genes dela!), carência (ser mulher é estar a um passo da carência) ou TPM, mesmo (que passa em cinco dias).
Mulheres costumam dialogar (demais) consigo mesmas e inventam um roteiro para seus parceiros; por isso, não se assuste se ela estiver chateada por coisas que ‘tem certeza’ que você sente, fez ou imagina fazer. Inclusive que acha que o seu amor diminuiu, que você não lhe dá atenção, que teve a indelicadeza de tomar um copo d’água antes de cumprimentá-la e que gasta mais tempo com o poodle. Aconselho-o a nem discutir. Será muito, muito pior, tentar fazê-la pensar como gente grande num desses surtos.
Peça desculpas, reconheça sua parcela na crise de combustíveis e no aquecimento global, beije-a ternamente (se ela não estiver rosnando), chame-a de ‘menina dengosa’, ofereça colo, carinho, aconchego e tudo mais que seu preparo físico permitir; no fundo, é isso que ela quer: sua atenção. Caso ela tenha razões para desconfiar da sua fidelidade; negue até a morte. Mulheres preferem conviver com uma leve desconfiança a uma sufocante certeza, mesmo que digam o contrário ou jurem que a sinceridade é o início do perdão. Mulheres mentem, lembre-se disso.
Caso não funcione, melhor colocar as barbas (ou os neurônios) de molho. Ela pode estar de saco cheio de você. Coloque os pingos nos ‘is’ que sobraram e mostre que o terreiro ainda tem galo. Às vezes (nem sempre) funciona.
Boa sorte! De qualquer forma, você vai precisar.

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