Que Belém hoje é uma cidade grande, com muitas atrações, não resta a menor dúvida.
E que continua sendo a capital onde se presta um dos piores serviços, também é fato; basta ver as impressões que muitos turistas levam daqui, além da nossa própria auto crítica.
E hoje nem vou falar dos sujismundos que emporcalham nossa terra, argh!
A mão de obra local continua sendo a grande culpada por tudo de ruim que acontece, pena que poucos lembrem que poderia ser diferente, se houvesse um pouco mais de atenção de quem pode e deveria ‘mandar’.
Em todo lugar, raros são os funcionários que tratam cliente como se deve, afinal custa muito usar ‘senhor e senhora’? Não sou ‘meu amor’, ‘paixão’, ou ‘amiiiga’. Não joguei peteca com a balconista nem fui à balada com o garçom, para que ele me cutuque quando quer saber se pode retirar meu prato.
Podem me achar esnobe - o que não sou- mas não suporto que me toquem sem necessidade e, apesar de ser extrovertida, não gosto de intimidade com quem não tenho. Isso é simples, cada qual com seu cada qual, ora.
A gente chega num consultório cheio de frescuras, o doutor é uma estrela de primeiríssima grandeza que atende pacientes de convênio (aquele S.U.S que a gente tem opção de pagar ou não) por pura filantropia e encontra uma atendente de tamancão, chiclete, lixando unhas com estampa de oncinha e ainda tem que ser tratada de ‘fôfa’?. Fôfa, eu não admito! Aí já é demais. Na mega loja (que já me irrita por ter pouco espaço e um monte de coisas amontoadas pelo já exíguo corredor) a vendedora, com celular grudado no ouvido, me pede que espere ‘um minutinho, tá lindinha?’. E vira-se, com o cabelão melado por algum produto misterioso, para acomodar algo na prateleira mais baixa, deixando o cofrinho (na verdade um cofrão) de fora. Decididamente estou ficando velha. E minha tolerância diminuí a cada dia, que horror.
Gosto de capricho, de qualidade, e isso meu bem, não tem nada a ver com condição financeira e sim com acesso a informação, orientação e exemplo.
Tenho vergonha desse nosso jeitão ‘bem simpático de ser’ e permitir que façam quase tudo de uma maneira pouco profissional. Já não bastasse a noiva atrasar, o cenário do evento ser montado ‘nos quarenta e quatro do segundo’diante da platéia que tem mais é obrigação de esperar; agora até padre atrasa. Dia desses, uma missa atrasou , pasmem, quarenta e cinco minutos! O coroinha (de uns trinta anos!) convocou-nos ‘a cantar’ enquanto esperávamos, ‘o nosso amigo padre fulano’, que já tinha sido chamado e chegaria, ‘mais tardar em vinte minutos’. Pode? Sei não.Novos tempos, né?
Num restaurante pretensioso, o belo projeto arquitetônico contrasta com o despreparo de quem recebe os clientes com um intimíssimo “Ôooooi? Tudo bem?”, já passando a mão na minha bolsa para acomodá-la numa cadeira.(Te conheço?). Quatro vezes pedi queijo. Na quinta , fui avisada que o cozinheiro ainda iria ralar o parmesão.
Num fast-food venderam-me stogonoff com arroz e batata frita. Quando fui receber, o inocente me perguntou o que preferia para substituir o arroz, que tinha acabado: purê ou salada? Diante da minha negativa, candidamente ele me diz que tenho ‘obrigação’ de aceitar a substituição e se aborrece.
É Belém, isso. Aqui o cliente tem ‘obrigação’ de aturar tudo, até porque sabe que podem cuspir no prato dele, lá na cozinha.
Que tem cliente mal educado, grosso feito papel de embrulhar prego, isso a gente sabe.
Meu foco aqui é outro. É justamente (como diria o Juvenal Antena) o eventual descaso de quem está no setor de serviços, em preparar -bem- quem haverá de representar sua empresa.
Se a palavra motiva, exemplos arrastam. O dia em que capacitação, bons modos e boa apresentação pessoal forem realmente seletivos, as coisas mudarão. E gestores que são grosseiros e não conseguem ser espelho para a equipe, esses também terão os dias contados.
Quem não pode que não se estabeleça.
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