Duas paixões nacionais não me comovem mais, pelo menos não como ao resto do país: carnaval e copa do mundo. Acho uma chatice, não ligo para quem ficou de fora da lista do Dunga e agradeço aos céus ter TV por assinatura, amém. Não implico com quem é capaz de perder o emprego para não perder um jogo. Ou com quem reúne amigos, para ver a Beija Flor; apenas não consigo me motivar. Até tento disfarçar, mas ambos não representam mais que algumas lembranças, deixadas lá atrás.
Eu já adorei carnaval; de rua, inclusive. Naquele tempo, a gente tinha os quatro finais de semana “pré-carnavalescos” para colocar o bloco da rua. A Praça da República era tu-do! Grande Família, Bandalheira, Unidos da Vila Farah, Xavantes... Dava vontade de brincar em todos. Brincar, sim; carnaval era diversão, e das boas – o que está bem longe de ser careta, queridinha.
A gente não tinha tempo - ou vontade - de tomar conhecimento do carnaval do sul, mesmo que já fosse “o maior espetáculo da terra”. Que farra! Ninguém imaginava que as Negas Malucas que faziam “forfait”, eram jovens de tradicionais famílias de Belém - eu, que era esperta, no meio. E nos salões, garanto que não havia carnaval tão bom quanto o daqui. Mas isso, os jovens não podem sequer imaginar como era. Depois... Bem, depois virou essa chatice; um calendário com data marcada para ir para Salinas e tomar todas, nada mais.
Até desfilei duas vezes no Rio, foi ótimo, blá blá blá, e fim. Não consigo “virar a noite” para ver as escolas, acabo dando uma espiada no compacto e estamos conversados.
Talvez seja a falta de uma “turma”, mas mesmo que uma multidão se reunisse em minha casa para assistir ao Carnaval ou à Copa, para mim um bom papo continuaria sendo muito mais interessante.
OK, sei que você adora, por isso fico na minha, levanto os indicadores e “alalaô-ô-ô ô-ô-ô, mas que calor, ô-ô-ô-ô...”. Do tempo em que Momo tinha reinado em Belém, claro!
Copa do Mundo... Lembro de várias. Na vitória de setenta, a “pipoca” da Assembléia foi em ritmo de “Pra Frente, Brasil!”.
Na de 78, saí de casa, na Batista Campos para assistir um jogo do Brasil com amigos, na Rui Barbosa. Fui a pé e estava atrasada, só para variar. Ruas vazias e em vez de apressar o passo, me coloquei a pensar sobre as calçadas, sobre a vida, solidão e esses assuntos que tomam conta da cabeça dos cronistas – mesmo antes de saberem que, um dia, serão cronistas. Sei lá a razão, quando Belém está vazia, lembro exatamente daquele dia.
Para cada copa tenho uma recordação; algumas felizes, a maioria nem tanto. Na de 82 eu aguardava a chegada da Verena com Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, uau! Em 90 eu retornei para Belém depois de nove anos fora. No penta, perdi meu pai; lembro dos fogos, enquanto encerrávamos o velório.
Ao contrário do carnaval e do futebol locais, que só perderam, no resto do país ambos melhoraram, e muito. Outro dia, sapeando a TV, vi uns tapes dos jogos de 70 e pasmem, até eu me surpreendi com uns lances esquisitos; Pelé bobeando na cobrança de faltas, Gerson errando passes, Rivelino demorando a passar a bola. Na época, acho que nem deu para notar. Já a magia... A copa de 70 foi mágica e emblemática! (E não tinha o Galvão Bueno, que maravilha!)
Fico imaginando o quanto aquela vitória influenciou os nossos destinos, que coisa. A desse ano vai pesar na eleição do (ou da) presidente. Coisa de Brasil, enfim.
As copas passam e eu não ligo, só para as consequências; mas não fico dizendo isso por aí. As pessoas reagem da mesma forma com quem não “adora” crianças; não gostar de futebol é, digamos, suportável, mas não a-m-a-r a seleção, é absurdo!
Então tá. Vou arrumar uma camisa amarela, fazer aquela cara de felicidade e fingir que sou íntima do esquema do Dunga. (Depois de anotar o horário dos Pinguins de Madagascar, na TV. São ó-ti-mos, você já viu?) Brasiiiiiiiil, il,il,il...
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Brasil, il, il, il...Tá bom assim?
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