Um conto sem fadas.
Era uma vez uma princesa bem pequenina, numa casa onde papai e mamãe ainda eram felizes mas não sabiam que toda menina nasce princesa.Ela foi crescendo e entendendo alguma coisa, ou pelo menos queria entender. Papai ficava fora muito tempo, estudando com amigas de faculdade; mamãe era ótima, comprava montes de chocolate -que é alimento de princesa - e elas ficavam mais fofas e lindas.
Mamãe trabalhava muito e papai muito mais; nenhum dos dois percebia a realeza da menininha. Até que um dia ela voltou da escola e encontrou os armários vazios e mamãe chorando na cama; não encontrou o papai, nem o carro do papai ou as roupas do papai.
Mamãe disse que estava feia e gorda e que por isso papai foi embora - quem sabe para um reino distante onde as princesas nascem e ficam magras para sempre e pais nunca desapareçam com as roupas, o carro e o sorriso das mães. Mas nesse mundinho onde nossa princesa vivia, as coisas eram diferentes. Ela crescia com pernas roliças e belas, como pernas de princesa. A cintura não era tão fina e o traseiro...Bem, nunca se soube como era um traseiro de alteza.
As palavras voavam e semeavam o castelo e as redondezas; aos poucos ela não via muito de princesa no espelho e assim, os olhos não refletiam realeza para o resto do mundo. Sua imagem de princesa era apenas uma foto, num daqueles álbuns que criavam mofo, numa gaveta do escritório.
Tornou-se uma adolescente meio cinza, enfiada em roupas grandes, que escondiam e protegiam. Ninguém prestava atenção na ex-princesa, mas sua essência guardava relutante nobreza; apesar de mamãe não notar e papai estar muito apressado.
Certo dia veio parar na carteira ao lado, o novo príncipe da escola. Ela mal ousava olhar, príncipes têm sempre muitas meninas em volta e ela não era bem o tipo daquelas que suspiravam pelos cantos, à espera do aspirante a rei. Mas a natureza nem sempre é dadivosa e o príncipe carecia de concentração e bons resultados; por causa disso, notou na mocinha com ares de boa aluna, que sentava ao lado.
Uma coisa leva a outra e assim acontecem outras coisas no mundo real, sem trocadilhos.
Na tarde de estudo, o belo se perdia no sorriso morno e nos olhos de lagoa que o fitavam, com certo afeto. Percebeu as notas de um suave perfume, levemente adocicado, que gostaria de sentir mais de perto. E as pernas, claro, grossas e lindas, que a saia comprida quase não deixava aparecer.
O príncipe sentiu que algo mudava, ele parecia estar se tornando um pouco mais normal. E, quem sabe, um estudante que não envergonharia os tutores da nobreza.
Sentiam falta um do outro, a plebéia sem graça e o príncipe sedutor. E como uma coisa leva a outra, um belo dia, em um lugar qualquer -que nessas histórias o local importa pouco- o príncipe selou sua boca real e curiosa, nos lábios comuns da colega comum.
De uma coisa a outra, em pouco tempo eles eram um só e acabaram nos braços um do outro, num castelo encantado, que nessas circunstâncias, o lugar já importa e muito.
Fizeram amor, que aquilo era amor entre homem e mulher, nobres ou nem tanto.
Ele olhou-a e viu então a princesa, de mãos de princesa e traseiro de princesa, dos olhos de pote de doce, do olhar de lagoa. Beijou-a e mimou-a como se beija e se mima uma mulher, e com seus paparicos reacendeu aquela tiara, há tanto tempo sem brilhos e cor.
E então aconteceu o grande milagre, ao olhar-se no espelho, sentiu-se novamente princesa e os olhos de doce refletiram a nova rainha que acabava de acordar de um sono reparador.
E nem as colegas do papai ou os compromissos da mamãe conseguiram empanar o brilho e a fidalguia que emanavam da outrora princesinha, que agora caminhava segura, sabendo quem era.
E ela foi feliz para sempre, as vezes com um príncipe consorte, outras sozinha, mas sempre alteza; isso, não dependia de mais ninguém, só dela.
Era uma vez uma princesa bem pequenina, numa casa onde papai e mamãe ainda eram felizes mas não sabiam que toda menina nasce princesa.Ela foi crescendo e entendendo alguma coisa, ou pelo menos queria entender. Papai ficava fora muito tempo, estudando com amigas de faculdade; mamãe era ótima, comprava montes de chocolate -que é alimento de princesa - e elas ficavam mais fofas e lindas.
Mamãe trabalhava muito e papai muito mais; nenhum dos dois percebia a realeza da menininha. Até que um dia ela voltou da escola e encontrou os armários vazios e mamãe chorando na cama; não encontrou o papai, nem o carro do papai ou as roupas do papai.
Mamãe disse que estava feia e gorda e que por isso papai foi embora - quem sabe para um reino distante onde as princesas nascem e ficam magras para sempre e pais nunca desapareçam com as roupas, o carro e o sorriso das mães. Mas nesse mundinho onde nossa princesa vivia, as coisas eram diferentes. Ela crescia com pernas roliças e belas, como pernas de princesa. A cintura não era tão fina e o traseiro...Bem, nunca se soube como era um traseiro de alteza.
As palavras voavam e semeavam o castelo e as redondezas; aos poucos ela não via muito de princesa no espelho e assim, os olhos não refletiam realeza para o resto do mundo. Sua imagem de princesa era apenas uma foto, num daqueles álbuns que criavam mofo, numa gaveta do escritório.
Tornou-se uma adolescente meio cinza, enfiada em roupas grandes, que escondiam e protegiam. Ninguém prestava atenção na ex-princesa, mas sua essência guardava relutante nobreza; apesar de mamãe não notar e papai estar muito apressado.
Certo dia veio parar na carteira ao lado, o novo príncipe da escola. Ela mal ousava olhar, príncipes têm sempre muitas meninas em volta e ela não era bem o tipo daquelas que suspiravam pelos cantos, à espera do aspirante a rei. Mas a natureza nem sempre é dadivosa e o príncipe carecia de concentração e bons resultados; por causa disso, notou na mocinha com ares de boa aluna, que sentava ao lado.
Uma coisa leva a outra e assim acontecem outras coisas no mundo real, sem trocadilhos.
Na tarde de estudo, o belo se perdia no sorriso morno e nos olhos de lagoa que o fitavam, com certo afeto. Percebeu as notas de um suave perfume, levemente adocicado, que gostaria de sentir mais de perto. E as pernas, claro, grossas e lindas, que a saia comprida quase não deixava aparecer.
O príncipe sentiu que algo mudava, ele parecia estar se tornando um pouco mais normal. E, quem sabe, um estudante que não envergonharia os tutores da nobreza.
Sentiam falta um do outro, a plebéia sem graça e o príncipe sedutor. E como uma coisa leva a outra, um belo dia, em um lugar qualquer -que nessas histórias o local importa pouco- o príncipe selou sua boca real e curiosa, nos lábios comuns da colega comum.
De uma coisa a outra, em pouco tempo eles eram um só e acabaram nos braços um do outro, num castelo encantado, que nessas circunstâncias, o lugar já importa e muito.
Fizeram amor, que aquilo era amor entre homem e mulher, nobres ou nem tanto.
Ele olhou-a e viu então a princesa, de mãos de princesa e traseiro de princesa, dos olhos de pote de doce, do olhar de lagoa. Beijou-a e mimou-a como se beija e se mima uma mulher, e com seus paparicos reacendeu aquela tiara, há tanto tempo sem brilhos e cor.
E então aconteceu o grande milagre, ao olhar-se no espelho, sentiu-se novamente princesa e os olhos de doce refletiram a nova rainha que acabava de acordar de um sono reparador.
E nem as colegas do papai ou os compromissos da mamãe conseguiram empanar o brilho e a fidalguia que emanavam da outrora princesinha, que agora caminhava segura, sabendo quem era.
E ela foi feliz para sempre, as vezes com um príncipe consorte, outras sozinha, mas sempre alteza; isso, não dependia de mais ninguém, só dela.
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