Nela, jamais!
Olha, eu bem que gostaria de pensar diferente sobre a Dilma e o Lula; assim não ficaria “mal” com algumas pessoas que considero muito, de quem gosto de graça e admiro a história de vida. Mas é justamente por causa dessas lutas pessoais, que não consigo deglutir ambos.
Dilma é o que de pior poderia nos acontecer – punto e basta, como diria o Totó.
Conheço algumas trajetórias, a de uma amiga em especial, me deixa com uma sensação de que a usaram; mas a vida é isso, ou não?... Ela sempre foi arrebatada pela política estudantil, uma guerreira idealista e sonhadora. Acreditou no sonho um partido que representasse o povo, o trabalhador. Há trinta e tantos anos ela foi, contra tudo e contra todos , uma dessas vozes roucas, que se transformaram no PT do Pará. Época de vacas magras ou de vaca nenhuma. Dezenas de redes penduradas na casa acanhada no Umarizal, acalentaram o sono daqueles que acreditavam no mesmo sonho e que chegavam pela Belém Brasília para arregimentar o que seria, um dia, um partido. Eu ouvia as histórias, se ela pudesse teria sido uma guerrilheira, ou Chiquinha Gonzaga, ou Anita Garibaldi, ou... Como admirava o engajamento, o desprendimento, a doação, a convicção! Eita, que menina, aquela!
Vendia e comprava botons, as famigeradas boinas e panfletava os compromissos com o que era ético e honesto. Um Brasil para brasileiros, um futuro em verde e amarelo. E vermelho, claro. E ela lá, megafone invisível nas mãos, e palavras de ordem na boca. E toma-te palavrório. Não perdoava injustiça, não admitia bandalheira. Jus-ti-ça, falava com aquele “ti” sem chiado, de nordestina levada da breca.
Nos conhecemos na Uefepeá. Conversávamos e na volta, sempre lhe dava uma carona amiga. Aos domingos, ela acabava na “tertúlia” do Círculo Militar, sempre meio ressabiada, falando do desper-dí-cio daquele luxo. Quando eu dizia que os “milicos “não tinham nada a ver com a festa, os promotores é que alugavam o salão, ela acabava relaxando.
Éramos dois opostos, que se gostavam e se respeitavam. Eu assistia a sua rotina de reuniões no Vadião, de panfletagem, de encontros com formadores de opinião na casa do estudante, como quem suporta uma amiga que gosta de pagode. Enquanto ela não me obrigasse a gostar, estava tudo bem, ela com suas convicções, eu na minha. Durante o resto do tempo, falávamos da vida, da vontade de casar e ter filhos, muitos. Íamos aos shows – Alceu Valença, Secos e Molhados e até um Bode alguma coisa... Ferra-bode, será que existiu isso? A Escola de Educação Física parecia grande, como o mundo. Crescemos e eles diminuíram.
Eu fiquei só numa filha. Ela pariu vários e um, em especial, acompanhou-a aos primeiros comícios, às passeatas, aos arranca-rabos nas ruas, aninhado numa barriga meio murcha, que parecia não querer nem ser notada. Nasceu o Ernesto, eu nem me admirei, pensei que seria Fidel, coitado.i
Ernesto vai bem obrigado, não dá a menor trela para a paixão da mãe e cursa hotelaria em Paris, chique o rapaz. Minha amiga, quando o Lula ganhou a eleição, parecia que iria surtar, não falava noutra coisa, um operário na presidência, finalmente o Brasil estaria livre da corrupção e os corruptos na cadeia. Na Ca-dei-a! Todos presos, repetia ela, recitando quanto o Brasil perde no ralo da desonestidade. Em vários momentos a eloquência me deixava confusa, parecia que eu era uma das culpadas pelo estado calamitoso do “brasilian way of life”; eu era culpada por nunca ter tido dificuldade e lá pelas tantas, quase virei inimiga.
Encontrei-a recentemente, num consultório. Ela, claro, toda paramentada, querendo “adesivar” todo mundo e eu, na minha. Ou como ela me disse, “no muro”. Falou das conquistas, deu ênfase aos miseráveis que agora podiam comer por conta da tal da bolsa isso, bolsa aquilo.Me provocou, me disse que já era tempo de pensar no menos favorecido.
Fui ficando chateada até que resolvi falar. Ok, querida, vou descer do muro, sem escada, sai da frente.
Sua história de lutas eu conheço e sinto vergonha por você continuar acreditando nisso que hoje é um mar de lama. Com todo o respeito, não voto e não quero saber nem do seu idolatrado Lula ou da tal da Dilma. Você deixou de ser política para ser tiete, uma macaca de auditório tardia, que exibe fotos com os nomes famosos. Aquela em que você deitava a cabeça no peito do Zé Dirceu saiu do seu orku, né? Acontece, bem sei. E a do Delúbio, naquela ida a Brasília? Também? Então tá.
Então, amiga, me diga, onde será que anda o seu honrado presidente que nada vê ou nada sabe? Toda essa bandalheira, tudo isso é “criação” da imprensa imperialista? Você é jornalista, querida... Não lhe diz nada o que o presidente já quis e ainda quer fazer com a imprensa? Ou você acha que o Hugo Chaves não fez escola?
A bolsa-miséria não está alimentando quem não tinha nada para comer, caia na real. Milhares de homens têm uma boa desculpa para não trabalhar e usam o dinheiro para afogar misérias na cachaça. Será que você não vê que estamos diante de uma geração de coitados, escravizados pelo Lula e que votarão em quem quer que ele indique por conta desses trocados?
Não era você que sonhava com emprego para todos, com escolas profissionalizantes? Não foi você que escreveu um tratado sobre o velho adágio do “ensine a pescar em vez de dar o peixe”? Não foi você, lá na nossa velha universidade de guerra, que se manifestou publicamente contra usar qualquer outro método para classificar alunos que não o conhecimento?E agora? Você acha que negros conseguirão resolver o problema de falta de qualidade nas escolas públicas simplesmente por poderem entrar na universidade através das cotas? Você sempre bradou contra o racismo...Isso é o quê, mesmo? Berrar contra o estado do ensino e da saúde, nem pensar, não é?
Querida, os dois – Lula e Dilma – não merecem correligionários honrados como você.
Mas é pena reconhecer que a proximidade ao poder calou a sua voz tão reivindicadora. A velha guerreira agora não passa de uma candidata a assessora, que às vezes fica constrangida por não saber como defender o chefe sem modos, a candidata sem moral, a bandalheira que rola com a conivência dos que antes batiam panelas e faziam tremer coturnos.
Tenho pena, sabe? Principalmente por saber que mais uma vez você vai se decepcionar e que o sonho, aquele do Brasil para todos os brasileiros, não passa de um velho cartaz esmaecido na sua parede, ao lado da velha boina de tricô, vermelha e rota. O tempo passou, acorda, Maria!
Não vou entrar na discussão de quem é melhor, você queria que eu saísse do muro, saí. Em Dilma e no Lula eu não voto. Já basta sentir vergonha por você, minha querida!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Nem nele, nem nelas!
Postado por Vera Cascaes às 13:45 0 comentários
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Valha-nos quem, cara pálida?
Antes de qualquer coisa, desculpem meu mau humor, na verdade não costumo ser assim, mas essa semana foi exasperante. Acho que é o inferno astral, que nos ronda a cada aniversário- que seja, xô!
Primeiro foi aquela fotos nas manchetes. Nauseantes... Certas pessoas ficam tão centradas em si mesmas, no próprio ego, que esquecem o respeito que deveriam guardar por quem teve a pachorra de ouvi-las e até apoiar suas idéias. Gente que bateu palmas, que comprou brigas... E pra quê? Chego à conclusão que fomos, todos, usados.
Para ser franca, tenho até vergonha de ter sido ingênua, crédula, manipulável. Afinal, porque eu deveria ser “adversária” política dessa ou daquele? Pessoalmente nunca tive nada contra ambos, a não ser o que normalmente move o eleitor comum: simpatia de mais ou de menos. Mas nós não tínhamos essa visão, é fato que a proximidade impede-nos de ver o quadro inteiro... Éramos testemunhas do palavrório virulento que se transformou (sabe-se lá a verdadeira razão!) no abraço da vergonha; mais constrangedor para quem permitiu esse aconchego cheio de rancores e motivos certamente mais vergonhosos ainda... No seu lugar, querida, eu jamais faria parte daquela cena; e acredite, você vai sair perdendo!
Os chineses antigos diziam que a mulher rejeitada é mais perigosa que a serpente; bobagem, isso é porque orientais não imaginam a fúria de um político ao perder uma eleição. Duas, então...
Ouvi falar em preguiça e preguiçosos... Justamente aquele que foi um dos mais festejados colaboradores, condecorado por honra, desprendimento e lealdade. Então, como assim?
Não, não existiram tantos preguiçosos; pelo menos não nessa pasta. Aliás, esse sempre pegou pesado no trabalho, e certamente foi leal, inclusive quando admitiu ceder a vez ao mais velho – e supostamente mais sábio, como ensinam os chineses. Tsc, tsc, a gente devia esquecer os chineses... Não, meu bem, eu não quero emprego no governo e nem tenho nenhuma ligação ou interesse, ao contrário do que você já disse por aí, tentando ficar bem no culto e na missa; mas isso é fofoca de mulherzinha, não é mesmo?
O mito tomando conta da mente... Para quem se acostumou às vitórias e aos bajuladores, é muito difícil identificar a verdadeira razão dos fatos; uma versão fantasiosa que culpe alguém pelas próprias falhas é mais cômodo. Com o tempo, a versão cria ares de verdade, torna-se um monstro capaz de engolir quem as criou. Some o homem, fica a versão. Somem os méritos e a história; fica o engodo.
Fiquei meio engasgada com tudo isso; mesmo pra mim, acostumada a ver quem valse onde quer que o poder esteja, o sapo era intragável, me senti mal - e imaginei que poderiam me tratar como vira-casacas...E daí? Afinal, quem virou o quê?
Alto lá, não me venha dizer que esse espetáculo deprimente é a busca da paz; respeite-nos, pelo menos agora. As razões devem ser as mesmas de sempre, forças ocultas e transgressões éticas que jamais serão bem explicadas, valei-me!
Não tenho dúvida que todos temos as mesmas oportunidades de escolher que final nossas histórias devem ter. Isto é, no mínimo, previsível. A maioria persevera na busca da consolidação de um espólio cujo maior bem seja a honra e o próprio nome. Outros, nem tanto... Deus nos livre da ira dos egos, das vaidades e dessas coisas assim, que nós, os mortais comuns, não conseguem entender!
E me esqueça, cara-pálida!
Postado por Vera Cascaes às 12:30 0 comentários
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Minha amiga perdeu um filho
Alto, forte e belo, aos vinte e um anos quedou-se numa rajada de balas -o que poderia lembrar aquela música que cantamos tanto,“ Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”. Mas o enredo dessa morte não foi épico.
Minha amiga perdeu esse filho várias vezes; viu-o passar pela morte durante anos até despedir-se de seu corpo maltratado, rogando aos céus que descansasse na eternidade. Na dor desse pranto, há certo alívio por saber que o sofrimento do ser amado é findo; o que a faz roer-se em remorsos, imaginando o que poderia ter feito e, sem forças, não fez – como muitos outros pais.
Minha amiga viu o filho morrer desde a primeira vez que o flagrou com drogas e acreditou que era apenas uma fase e, mãe amorosa, pediu a Deus por sua criança. É da humanidade das mães preferir não acreditar. Das drogas leves às pesadas, aos furtos, roubos, tráfico e gangues armadas, foram apenas três anos. O seu bebê desapareceu, dando lugar ao traficante, capaz de roubá-la, ameaçar a irmã e surrar a namorada.
Na internet circula o artigo de uma “Carla Kristine, Psicóloga Clínica”. Verdadeiro ou não, o texto – apesar de tendencioso e superficial - provoca discussões oportunas, inclusive sobre a postura equivocada –e comum – de condenar pais pelos erros de filhos, como se fossem culpados pelas escolhas que seus rebentos farão vida a fora. Não por acaso, minha amiga me encaminhou uma cópia e um pedido, para que tocasse nesse difícil tema: a banalização das drogas, a culpa que pais carregarão, e a sociedade, fingindo que está tudo bem... Muitos desses pais aflitos foram os adolescentes da geração “paz-e-amor”; alguns até, eventuais consumidores da erva; na época, quase um movimento intelectual - e que jamais imaginaram enfrentar esse tipo de problema, com os próprios filhos. A paz e o amor se foram - e os sonhos viraram quase agonia.
Entre tantos equívocos, o primeiro é achar que traficante é alguém pobre, horroroso, mal vestido e que mora na periferia. Ele - ou ela - pode estar no seu sofá, comendo seus sanduíches e pedindo que lhe coce as costas. E continuará sendo o seu bebê. E aí? O que se faz numa situação dessas? Não sei, de verdade.
Essa poderia ser parte da história de tantos jovens, cujos pais seriam capazes de qualquer coisa para escrever outro final; mas tenho certeza que nenhum que tenha perdido um filho em circunstâncias decorrentes do uso de drogas, se prestaria a vender sua memória como um herói urbano a ser cultuado – como a psicóloga retrata a vida de Cazuza e a relação com os pais.
Como se não bastasse assistir a agonia de um filho dopado e surdo aos apelos e ao sofrimento da família inteira, ainda existe quem venha dizer que a culpa é do pai super protetor ou da mãe ausente, que crueldade!
Que pecado os pais de Cazuza cometeram, que qualquer um de nós não cometeria? Que pai não ajudaria o filho talentoso a gravar seus poemas? Que mãe não afaga um filho que se cura de uma ressaca? Criticarão pais de uma forma ou de outra, sempre; a omissão dificilmente é intencional, talvez seja apenas uma última e silenciosa oração, pedindo a Deus que “não seja verdade”, implorando que a Virgem olhe por mais um filho perdido... Exatamente como você faria, doutora.
Tenho certeza que a maioria que assistiu ao filme sobre o Cazuza, ou ao inquietante “Meu nome não é Johnny”, sabe separar alhos de bugalhos. Existem dois Cazuzas; o talentoso artista e o ser humano, vítima de si mesmo e do sistema com o qual jamais soube lidar. Os filmes mostram sim, o drama das escolhas – malditas escolhas – de seus protagonistas. Idolatra-se o artista; já o drogado, promíscuo e infeliz nos serve de exemplo, infelizmente.
Como haveremos de manter crianças longe das drogas, com essas versões caolhas daquilo que mais tememos e não temos segurança (ou conhecimento) para, sequer, explicar? Cazuza não foi um herói. Foi marginal, sim; inspirado, lírico, mas marginal. Como o filho da minha amiga, como o desconhecido que aterroriza o Guamá ou a Rocinha.
O mundo é louco, minha amiga, e não sei como passar por ele, incólume.
Até um tempo atrás, a gente acreditava que oração, amor e atenção – e boas intenções- bastavam. Mas não bastam. E honestamente... Não sei como ou o que será.
Alto, forte e belo, aos vinte e um anos quedou-se numa rajada de balas -o que poderia lembrar aquela música que cantamos tanto,“ Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”. Mas o enredo dessa morte não foi épico.
Minha amiga perdeu esse filho várias vezes; viu-o passar pela morte durante anos até despedir-se de seu corpo maltratado, rogando aos céus que descansasse na eternidade. Na dor desse pranto, há certo alívio por saber que o sofrimento do ser amado é findo; o que a faz roer-se em remorsos, imaginando o que poderia ter feito e, sem forças, não fez – como muitos outros pais.
Minha amiga viu o filho morrer desde a primeira vez que o flagrou com drogas e acreditou que era apenas uma fase e, mãe amorosa, pediu a Deus por sua criança. É da humanidade das mães preferir não acreditar. Das drogas leves às pesadas, aos furtos, roubos, tráfico e gangues armadas, foram apenas três anos. O seu bebê desapareceu, dando lugar ao traficante, capaz de roubá-la, ameaçar a irmã e surrar a namorada.
Na internet circula o artigo de uma “Carla Kristine, Psicóloga Clínica”. Verdadeiro ou não, o texto – apesar de tendencioso e superficial - provoca discussões oportunas, inclusive sobre a postura equivocada –e comum – de condenar pais pelos erros de filhos, como se fossem culpados pelas escolhas que seus rebentos farão vida a fora. Não por acaso, minha amiga me encaminhou uma cópia e um pedido, para que tocasse nesse difícil tema: a banalização das drogas, a culpa que pais carregarão, e a sociedade, fingindo que está tudo bem... Muitos desses pais aflitos foram os adolescentes da geração “paz-e-amor”; alguns até, eventuais consumidores da erva; na época, quase um movimento intelectual - e que jamais imaginaram enfrentar esse tipo de problema, com os próprios filhos. A paz e o amor se foram - e os sonhos viraram quase agonia.
Entre tantos equívocos, o primeiro é achar que traficante é alguém pobre, horroroso, mal vestido e que mora na periferia. Ele - ou ela - pode estar no seu sofá, comendo seus sanduíches e pedindo que lhe coce as costas. E continuará sendo o seu bebê. E aí? O que se faz numa situação dessas? Não sei, de verdade.
Essa poderia ser parte da história de tantos jovens, cujos pais seriam capazes de qualquer coisa para escrever outro final; mas tenho certeza que nenhum que tenha perdido um filho em circunstâncias decorrentes do uso de drogas, se prestaria a vender sua memória como um herói urbano a ser cultuado – como a psicóloga retrata a vida de Cazuza e a relação com os pais.
Como se não bastasse assistir a agonia de um filho dopado e surdo aos apelos e ao sofrimento da família inteira, ainda existe quem venha dizer que a culpa é do pai super protetor ou da mãe ausente, que crueldade!
Que pecado os pais de Cazuza cometeram, que qualquer um de nós não cometeria? Que pai não ajudaria o filho talentoso a gravar seus poemas? Que mãe não afaga um filho que se cura de uma ressaca? Criticarão pais de uma forma ou de outra, sempre; a omissão dificilmente é intencional, talvez seja apenas uma última e silenciosa oração, pedindo a Deus que “não seja verdade”, implorando que a Virgem olhe por mais um filho perdido... Exatamente como você faria, doutora.
Tenho certeza que a maioria que assistiu ao filme sobre o Cazuza, ou ao inquietante “Meu nome não é Johnny”, sabe separar alhos de bugalhos. Existem dois Cazuzas; o talentoso artista e o ser humano, vítima de si mesmo e do sistema com o qual jamais soube lidar. Os filmes mostram sim, o drama das escolhas – malditas escolhas – de seus protagonistas. Idolatra-se o artista; já o drogado, promíscuo e infeliz nos serve de exemplo, infelizmente.
Como haveremos de manter crianças longe das drogas, com essas versões caolhas daquilo que mais tememos e não temos segurança (ou conhecimento) para, sequer, explicar? Cazuza não foi um herói. Foi marginal, sim; inspirado, lírico, mas marginal. Como o filho da minha amiga, como o desconhecido que aterroriza o Guamá ou a Rocinha.
O mundo é louco, minha amiga, e não sei como passar por ele, incólume.
Até um tempo atrás, a gente acreditava que oração, amor e atenção – e boas intenções- bastavam. Mas não bastam. E honestamente... Não sei como ou o que será.
Postado por Vera Cascaes às 08:05 0 comentários
Micos (remix)
Nem sempre é assim. Já caí da cadeira com prato (cheio) e talheres nas mãos. Fiquei deitada no gramado, com a cadeira fechada, por baixo. Um horror... Como poderia desmaiar sem derramar a feijoada? Ainda tive que espanar a grama do traseiro; uma lástima. Desde então, o-dei-o cadeiras de armar. As plásticas também são perigosas, principalmente em salões deslizantes, com camadas e mais camadas de cera e coisas escorregadias... Melhor acomodar o traseiro aos poucos, para sentir se as pernas (da cadeira!) não estão se abrindo. Encoste uma das pernas no seu vizinho, para servir de “trava” (DAS CADEIRAS, ô raça maldosa!).
Para não cair à toa, sempre é bom dar uma “geral”, antes de entrar, gloriosa, com o queixo a não menos de 90º do pescocinho hidratado. Se estiver cheio de pregas, meu amor, use uma echarpe - ninguém merece certos colos em eterna exposição, com aquele decotão de cigana de araque!
Se “chegar” merece atenção (comuns entram, poderosos “chegam”), sair, é outra ciência. Nada pior que ser uma das últimas, isso é coisa de quem não faz a menor diferença – o que, decididamente, não é o nosso caso. Levante-se enquanto consegue uma bela estampa, nada de cochilar no ombro do Romeu ou trocar figurinhas com quem nem tem álbum, se é que me entende. Despeça-se com alegria e jamais pronuncie “desculpe qualquer coisa” - a não ser que realmente tenha culpa por algo inominável. Se beber além da conta, tranque-se no banheiro até poder sair sem testemunhas, nada pode ser pior do que esses espetáculos.
E quando a companhia se torna uma tortura? Quanto menor a festa, mais difícil é sair “de fininho”, se for impossível aguardar a sobremesa, vá até o banheiro e peça que alguém telefone insistentemente. Atenda preocupada e desligue pesarosamente, algum curioso vai perguntar o que aconteceu, responda baixinho que sua tia de 98 anos está passando mal e desapareça na penumbra. Para saídas menos traumáticas, meia-noite é o limite, ou você volta para casa numa abóbora. “Gente, a conversa está ótima, mas meu plantão começará em 5 minutos...Beijo, me liga; fui...” Plantão? Que plantão? Ninguém discute ou desrespeita “plantão”. É uma palavra mágica, que garante o supremo direito de recusar qualquer convite ou álibi para eventualidades; plausível em diversas áreas como medicina, comunicações, informática, veterinária, farmácia, posto de gasolina, vidente e manicure. Pode ficar estranho, mas é melhor que vomitar no petit-gateau.
(Só para lembrar...Sexta, sábado e domingo: As Gatosas, com novidades, no Cuíra!)
Postado por Vera Cascaes às 07:47 0 comentários
Marcadores: chatos, micos, quedas, sair de festas
Coisa Feia!
SELEÇAO DE COISAS QUE AGRIDEM A GRAMÁTICA, O BOM GOSTO, O BOM SENSO...
Na Globo.com, G1, mais uma vez ninguém leu antes de publicar...
Em 15 de outubro de 2010:
Casa e Jardim
Decoração com
Bolinhas dão leveza
à casa.
"Dão" ?
Postado por Vera Cascaes às 06:52 0 comentários
Marcadores: macadas na net