terça-feira, 17 de março de 2009

Grande brasileiro é você!


Clodovil morreu. Ok. E daí?
Ao ver os comentários no site global G1 sobre a morte ‘desse grande brasileiro’, ‘preocupado com causas sociais’ e outras pérolas do gênero, cheguei à conclusão que esse tipo merece a porcaria que habita o congresso.
Vamos falar sério e parar de tentar entronizar todo cidadão que morre, afinal o mérito da ‘passagem’ não é dele, morrer todo mundo morrerá um dia, preste ou não.
Que Clodovil era inteligente e estilista de bom gosto, concordo. Que tinha um enorme talento para a comunicação é fato. Mas nunca usou talento, inteligência ou cultura a serviço de grandes causas sociais; aliás, era um encrenqueiro contumaz, exercitava a verve com virulência na arte da difamação, nunca teve projeto político e sim um plano de emergência para sair da quase miséria que sua conhecida falta de tato e (por que não?) de bons modos acabou por brindar-lhe nesse fim de vida que se apresentava árido. Clodovil se candidatou para ganhar um bom trocado pois estava falido.
Chegou a tentar uma oportunidade em todas as emissoras e nenhuma lhe abriu as portas. Clodovil não respeitava sequer os companheiros de trabalho; era grosseiro, arrogante e preconceituoso. Certa vez, durante o programa "A Casa é Sua", humilhou Luciana Mello ao vivo, simplesmente porque a cantora, ao gostar da decoração da mesa onde deveria almoçar com o apresentador, levantou o prato ainda vazio, na tentativa de ver que louça era aquela. Não acreditei que alguém pudesse ser tão cruel, mas ele disse à jovem em tom professoral: ‘ Não é sua culpa não ter uma educação mais esmerada’. Depois, perguntou a queima-roupa, que ‘bolinhas’ eram aquelas na testa da moça, que sofria de acne. Malévolo, aconselhou-a a procurar uma dermatologista pois aquilo ‘não ficava bem’.
Na TV Manchete, ao entrevistar Adriane Galisteu, tentou comprometer a masculinidade de Airton sena perguntando sobre o desempenho do já falecido piloto, para arrematar, disse que a família a tratou como ‘uma rameira’, num tom que dava a entender que a loira tinha atividades suspeitas. Foi para o olho da rua, mas não aprendeu e, ao que parece, seu alvo favorito era Adriane. Tempos depois, Clodovil apresentava um programa exibido de segunda à sexta-feira pela Band, conhecido na época como Clodovil Soft, uma ironia, aliás. Certo dia, enquanto fazia “merchan” do "Dieta de Adriane Galisteu", ofendeu a então colega de emissora, dizendo que seu casamento com Roberto Justus era "golpe do baú". A marca cancelou o contrato e a Band o demitiu.

Hernandez, foi uma estrela da moda, fiel a algumas clientes, desafeto de outras. E apesar do inquestionável bom gosto, teve a infelicidade de permitir-se aparecer muito mais pelos defeitos. Entre os mais chegados dos velhos tempos e não os de última hora, sabia-se ter uma personalidade muito difícil, semeava a desavença e primava pela polêmica.
Como ninguém parece ter memória e brasileiro se emociona diante da morte, é bem capaz que Luciana Mello, uma das tantas humilhadas pelo costureiro multimídia, tenha ido ao velório do ‘grande brasileiro’.
Clodovil nunca enobreceu a causa gay, pelo contrário.
A ausência de Clodovil do congresso é um up-grade daquela que deveria ser a nobre casa de leis do país, mas não é nem uma coisa, nem outra. Pena que não se pode elogiar seu suplente, o coronel da reserva da Polícia Militar Jairo Paes de Lira (PTC), de 55 anos, que se auto define como linha-dura, a favor da pena de morte e contra o desarmamento. O ex-militar obteve cerca de (apenas!) 7 mil votos na eleição passada, mas se tornou primeiro suplente graças à votação expressiva de Clodovil, que teve quase 500 mil votos...(O brasileiro realmente não leva o congresso a sério!)
Dá para entender o sistema eleitoral brasileiro? Não dá, não é mesmo? Enfim, ficará tudo como era dantes no quartel que nunca foi de Abrantes.
O que dá para entender é que as manchetes seja o próximo paredão do BBB. Brasil, mostra tua cara! (A cara, a cara!).
Para mim, perdoem-me os mais piegas, vivo ruim é morto ruim e pronto. Foi-se, antes ele do que eu, amém.