segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Meu livro 'encruado'


Uma das pedras sob meus saltos quinze ainda é a história dos livros que não publiquei e que pouco me animo a publicar. Nem sei direito a verdadeira razão, mas a verdade é que sou acometida de uma enorme preguiça quando imagino a trabalheira que deve ser tentar editar um livreto, sem nenhum apoio. Tenho visto coisas horríveis circulando por aí, com registro na Biblioteca Nacional e tudo mais, daí fico imaginando como alguém que quer ser chamado de escritor, acaba se conformando com tão pouco capricho. Triste é que a maioria das publicações chinfrins é de poesia, não admira o gênero estar tão desprezado.
Desconheço a natureza desses contratos que as gráficas fazem para pequenas tiragens, mas deveriam se responsabilizar no mínimo pela qualidade, sei lá.
Num deles, cada ‘poesia’ trazia uma ilustração tosca, e, em algumas, podiam ser vistas anotação do nome e página, num rabisco que acabou saindo no fotolito. O que mais me espantou foi uma indagação, “esta ou a do fulano?”, dando a entender que a autora, (professora de meia idade acometida de paixões pueris tardias!) tinha dúvidas sobre qual dos borrões usar. Sob o título “Prisioneira do Amor” (ai!) uma garatuja pretendia ser um perfil feminino, com o coração em chamas (!) envolto em algemas. Mais criativo, impossível, não? Credo.
Um outro livro mais parece um ‘consórcio’ de integrantes da comunidade acadêmica local, pois tem nada menos que trinta e oito (“!” de novo!) autores. Todos devem ser muito ocupados, pois nenhum fez a tal da revisão básica e as anotações saíram ‘de bonus’, inclusive um lembrete, “para ‘corrigir’ o e-mail da fulana”...
Depois soube que por economia, muitos tem se ‘juntado’ num convescote literário, por assim dizer, uma vez que ter livro publicado conta na prova de títulos e cumpre algumas exigências para bolsas etc. A solução, se tivesse respeito por seus (improváveis) leitores, até seria digna de nota. Mas assim, me parece estelionato, principalmente quando conta com patrocínio de verba pública. Pena, né?
Pois é. Fico aqui me cobrando, pois sei que preciso sempre (e muito) de um bom revisor, principalmente com a tal da reforma ortográfica...E acabo desistindo.
Não me sentiria confortável no papel da outra que além de incluir algumas erratas, ao tentar me vender um volume por nada módicos R$45,00, ainda me avisou que os desenhos ‘tais e tais’ estavam em páginas trocadas.
Sei não. Alguma coisa está no lugar errado. Quem sabe sou eu? (Vera Cascaes)
Foto: Chat des rues, de Sabine Weiss, para a Agence Top.
Mimi Asno ofereceu a Victor Vhil um exemplar de seu novo livro de contos. Mal ele deixou o café, onde os dois saborearam em silêncio uma fumegante xícara de cappuccino, Victor Vhil foi até a rua e atirou o livro na lata de lixo.
Mais tarde, e sob uma fria chuva de outono, voltou para apanhá-lo. Não queria ser responsável por sujar o lixo.
(Miniconto do livro Nem mesmo os passarinhos tristes).
Fonte : nonleia.blogspot.com/.../de-livros-e-lixo.html de
Mayrant Gallo, Salvador, BA, Brazil
Escritor e professor. Publicou: O inédito de Kafka (CosacNaify, 2003).

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Depressão



Lá pelas tantas você não sente mais vontade de fazer aquelas coisas que a animavam tanto. Não passa mais três horas rodando pelo shopping, para aproveitar a liquidação e comprar alguma coisa que precisava muito e ainda nem sabia. Até pensa nisso, mas não encontra ânimo para caminhar. E a TV, com aqueles séries que passam os episódios de todas as temporadas ao mesmo tempo, repetidas vezes, é sua companhia mais constante. Você quase pode recitar os diálogos da Dra.Grey.
Nas noites em que o desejo por aquele risoto de bacalhau a pega pelo pé e pelo estômago, em vez de trocar um pretinho básico e correr para o restô favorito, você acaba de moleton, num desses supermercados 24h, garimpando os ingredientes da diversão do dia. Faz o próprio risoto, que acaba saindo delicioso; come sozinha novamente em frente à TV cuja imagem é só chuvisco.
Já nem lembra desde quando sabe quem ainda tenta telefonar-lhe. Para não correr riscos de atender um intruso, alguém que possa entrar ‘de penetra’ nessa sua ostra, deixa tocar e depois devolve a ligação para os poucos com quem ainda fala. Se for um deles, muito que bem. Se não for, melhor não ter atendido, mesmo.
Quando fala de si, de alguma coisa que vai lá bem no fundo, nem sente que chora; as lágrimas apenas rolam dos olhos ardidos e o peito parece estalar, sob um colete de aço que não a deixa respirar.
Mágoas? Sim, você sabe que as tem e que, como os cães levam as pulgas aonde vão; você as carrega, jurando que já perdoou a todos, inclusive a si mesma.
Hummm...
Isso tudo, essa tristeza sem fim e sem uma razão clara e justificável; essa decepção com tudo e todos, essa sensação de ter ‘sobrado’ e de estar ‘mais só do que nunca’, isso tem um nome e é o mal da década: depressão.
Apesar de atingir 22% dos paulistas, (segundo pesquisa da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) e do Ibope); apesar de há mais de uma década, ter deixado de ser um mal que acometia os idosos e acometer 121 milhões de pessoas no planeta, tenha certeza que, ao saber que está depressiva, sua família vai achar que é bobagem, frescura, nervosismo; ou fingir que não é nada, afinal, poucos sabem o que fazer com alguém que foge dos padrões da ‘normalidade’ e se torna inconveniente.
Para cada homem deprimido (principalmente após a aposentadoria), duas mulheres estarão, também, doentes ‘da alma’.O interessante é que nós, as mulheres, sabemos exatamente como curtir a vida quando não precisamos mais trabalhar. E mesmo assim, nos quedamos impotentes, diante daquela tão conhecida onda de desânimo e da enorme e tentadora vontade de simplesmente desistir. De tudo.
Hormônios, famílias cruéis, decepções, brigas, desemprego, aumento de peso, traições...Enfim, as causas práticas podem ser inúmeras, mas são sempre, só o ‘start’, o mecanismo que desencadeia esse processo doloroso do qual é tão difícil sair.
Muitos vão aconselhá-la a ‘reagir’, como se isso já não fosse a razão de ainda estar viva e vestida. Outros, cochicharão às suas costas, mas não o suficiente para que você não perceba o quanto seu banzo atrapalha a radiosa felicidade dos demais. Os alegres de plantão odeiam imaginar que poderia ser um deles.
O que fazer?
Sinceramente não sei. A única coisa que me ocorre é vomitar que estou deprimida sim, muito; que não sei por que não quero ir ao parque, à academia ou à rua; não tenho vontade de estrear aquele vestido verde carésimo que envelhece no closet. Que ignoro o caminho de volta e que me sinto viúva de mim mesma, carpindo meus dias nesse velório interminável, ansiosa por poder sepultar meus fantasmas.
Tentei livrar-me da bagagem, rasguei documentos antigos, velhas agendas que me provavam, em cada página, o quanto já fui feliz.
Comprei discos que pudessem me fazer dançar e amarrei maços de canela pela casa. Fui à missa, à novena e tomei uns passes. Li sobre transtorno bipolar, sobre reencarnação, consultei o tarô e o oráculo. E tomei meu Prozac, sabendo que aquele ‘up’ artificial me deixaria muito pior quando se fosse...
E voltei aos banhos longos, sem nada para fazer depois que estivesse cheirando a Paris, (o perfume ‘cafona’de outras lembranças) e quem sabe?, cozinhar aquele risoto que ainda tenho tanta vontade de comer...,diante da TV.
O mundo só nos aceita de bem com vida, lindas, magras, louras e risonhas. Não há espaço para a sua tristeza, não importa quanto ela dure, viu?
A sua depressão, a minha depressão, isso não é assunto para o café da manhã. Nem para um jantar qualquer. Faça como tantas famílias ‘de bem’, finja que nada vai mal.
Antes de fantasiar mais uma vez como seria o próprio funeral, um aviso: não vai adiantar nada, ninguém vai se comover com sua dor. Melhor levantar-se e procurar um bom médico,
um psiquiatra que não seja maluco, faz favor. E um terapeuta. Acredite, depois de falar para alguém que está preparado para ouvir, será muito mais fácil respirar, ufa!
O Prozac? Não, não quero mais nada disso, quero minha velha e boa alegria de viver, que aliás, também incomodava bastante.
Não tenha vergonha. Depressão é algo que não se pede para ter. E um dia a gente se cura.
Conforta-me saber que serei eu mesma, melhor ainda.
Já outros males, ah, esses são de caráter mesmo, dificilmente se cura.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Cada uma !


Você Sabia ?
1 - Durante a Guerra de Secessão, quando as tropas voltavam para o quartel após uma batalha sem nenhuma baixa, escreviam numa placa imensa: ' O Killed ' ( zero mortos ).. Daí surgiu a expressão ' O.K. '. Para indicar que tudo está bem.
2 - Nos conventos, durante a leitura das Escrituras Sagradas, ao se referir a São José, diziam sempre ' Pater Putativus ', ( ou seja: 'Pai Suposto' ) abreviando em P.P .'. Assim surgiu o hábito, nos países de colonização espanhola, de chamar os 'José' de 'Pepe'.
3 - Cada rei no baralho representa um grande Rei/Imperador da história: . Espadas: Rei David ( Israel ) . Paus: Alexandre Magno ( Grécia/Macedônia ). Copas: Carlos Magno ( França ). Ouros: Júlio César ( Roma )
4 - No Novo Testamento, no livro de São Mateus, está escrito ' é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus '... O problema é que São Jerônimo, o tradutor do texto, interpretou a palavra ' kamelos ' como camelo, quando na verdade, em grego, 'kamelos' são as cordas grossas com que se amarram os barcos. A idéia da frase permanece a mesma, mas qual parece mais coerente?
5 - Quando os conquistadores ingleses chegaram a Austrália, se assustaram ao ver uns estranhos animais que davam saltos incríveis. Imediatamente chamaram um nativo ( os aborígenes australianos eram extremamente pacíficos ) e perguntaram qual o nome do bicho. O índio sempre repetia ' Kan Ghu Ru ', e portanto o adaptaram ao inglês, ' kangaroo' ( canguru ). Depois, os lingüistas determinaram o significado, que era muito claro: os indígenas queriam dizer: 'Não te entendo '.
6 - A parte do México conhecida como Yucatán vem da época da conquista, quando um espanhol perguntou a um indígena como eles chamavam esse lugar, e o índio respondeu ' Yucatán '. Mas o espanhol não sabia que ele estava informando ' Não sou daqui '.
7 - Existe uma rua no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, chamada 'PEDRO IVO'. Quando um grupo de estudantes foi tentar descobrir quem foi esse tal de Pedro Ivo, descobriram que na verdade a rua homenageava D.Pedro I, que quando foi rei de Portugal, foi aclamado como 'Pedro IV' (quarto).Pois bem, algum dos funcionários da Prefeitura, ao pensar que o nome da rua fora grafado errado, colocou um ' O ' no final do nome. O erro permanece até hoje. Acredite se quiser..

Que coisa feia!


Sabe aquele e-mail sobre a India que a Globo não mostra?Pois é, ficamos todos muito chocados, afinal, pelo menos na amazônia não tomamos banho com aquela companhia, digamos, 'do outro mundo'.
Acontece que aquilo tudo, apesar da miséria, apesar de todos os pesares, ainda é fruto da cultura milenar. A separação entre castas não existe legalmente, já cuturalmente... pelo menos lá é 'cada qual no seu quadrado'.Os corpos vão parar no Ganges por conta de costumes religiosos, criados há muito tempo. (Entre outras coisas para que a miséria fosse aceita como 'predestinação'. Banhar-se ao lado de um cadáver não é, para eles, o fim do mundo...) E o que dizer de nós, os civilizados; o que se pode falar da terra do Fórum Social (ui)?Hum...Talvez a alma esteja tão elevada com as baforadas emitidas das bandas do Guamá que a gente até esqueça que aqui, miséria não vem por conta da cultura e sim por maus hábitos, e que educação (ah, a educação...) é algo mais do que dar 'bons dias' e distribuir salamaleques.Educação também é incomodar-se quando o outro não liga pra nada. É querer mais do que um carro do ano...
Vejam que cena 'meiga'. Subúrbio? Piquenique do Fórum? Mangueirão dia de Leão X Papão? ( Que Leão, que Papão?)Na-na-ni-na-NÃO. PIOR !!! O churrasquinho de Saco (do meu, do seu, do nosso) acontecia essa semana, numa das esquinas mais tradicionais de Chuva City: Conselheiro Furtado com Padre Eutíquio...Isso é ou não é uma esculhambação?Se pudesse, faria um mega outdoor com a foto, para mostrar que, enquanto esse tipo de gente tratar Belém assim, todos nós estaremos vivendo num favelão. Se repassar, meu bem, mantenha meu nomezinho: Vera Cascaes, uma paraense indignada! Ou melhor: P da vida!