quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O que somos capazes para emagrecer!


Fim da linha
Realmente ninguém pode dizer que não tentei. Antes dos quinze, eu já havia testado pelo menos dez novas dietas. Uma delas mandava comer doze ovos cozidos durante o dia inteiro, com água à vontade. Era um arroto só. Lembro de uma priminha gorducha, que foi submetida ao sacrifício. Para facilitar, os ovos ficavam numa vasilha plástica, na geladeira. Duas horas após o início da “prova”, ela veio até a sala, com cara “mareada”, dizendo que “não aguentava mais...” Tinha comido “só”onze... na largada! Claro que eu desisti antes de começar. Outra dieta era a sopa. Uma gororoba com muito jambu, pimenta de cheiro, um folharal danado que queimava ao entrar. O resto, bem... Também não deu certo. Nos anos 80 tomei todos os medicamentos que me indicavam; a gente ficava meio zureta, mas eram os oitenta, então... Com alguns consegui a proeza de ficar dois ou três (teriam sido quatro? Nem sei...) dias ligadíssima, trabalhando feito um azougue. Lembro que faxinei a casa de ponta a ponta, incluindo janelas e fios do lustre. Acho que emagreci duzentos gramas, recuperados com um copo de água.
Os anos noventa foram pródigos em dietas – e em gordos mais gordos após cada insucesso. Fiz várias. Aquela que só se come gorduras...Era um festival de linguiças, presuntos e muita manteiga. Comi um Big-Mac sem pão...Tente imaginar a situação...No quarto dia, tive um enjôo que não passava; meu colesterol foi para o espaço e a balança...Nessa altura eu não tinha mais balança. O pior disso tudo nem era a minha vontade de emagrecer. Era ter que aturar gente que chega com aquela conversa que nem magro aguenta. Os mais “gentis”, tipinho que sopra antes de morder, ainda balançavam a cabeça, “mas com um rosto tão lindo...”. Tive vontade de esfaquear vários e uma, em especial, cujo maridão me olhava guloso (me sentia uma torta de chocolate com muito chantilli e 45.876 calorias!), cheguei a fantasiar matá-la num cortador de presunto, em fatias finíssimas.
Já freqüentei uma academia de ginástica passiva. Aparelhos onde você é amarrada e eles fazem o movimento, coisa de preguiçosa mesmo. O problema é que a calcinha fica enroscada na bunda e você cheia de pêlos encravados. E não fortalece nada, além da conta da empresária.
Em algumas ocasiões cheguei a perder trinta quilos! Aí, era aquela farra: comprava roupas de biscate, abusava da lycracotton (quem nunca sonhou?), daquelas calças jeans que só saem com bisturi, das luzes nos cabelos (magras devem ser louras!) e uma agenda carregada de compromissos, jantares, almoços, lanches...Cacilda! Como se come nessa terra! Tem gente que abre a porta perguntando se a gente aceita uma fatiazinha de pudim...Com creme de leite? Já que você insiste...
Nessa história você pode incluir vasta especialização e mestrado em lipos. Pois é, fiz quatro. É isso mesmo, quatro. Tenho intimidade com aqueles tubos que sugam debaixo da pele em duas horas, o que a gente levou dois anos enfiando via oral. Seria muito bom, se desse certo. Você fica roxa feito uma berinjela, inchada, marcada. Arde feito frigideira e o calor, então, é insuportável. Você não consegue fazer nada sozinha e se fizer, enxugar vai ser uma tortura. Pior que atropelamento, acredite. Depois vem a escravidão das “drenagens”, algo que se inventou para tirar o líquido que não deveria estar onde foi parar e que, no final, vai parecer um consórcio... Você paga, paga e nunca vê a máquina nos trinques. Depois da lipo, você fica com barriga de tanquinho e bunda de piscinão, as coisas não combinam...e o pior: tem que fazer regime para sempre, meu bem. Dois anos depois você descobre que a gordura, ao contrário do que prometem, reaparece sim, só que muito maior, mais flácida, mais... Caia na real, pudim não é coisa de Deus.
Na esteira das novidades, depois de todos aqueles remedinhos controlados que me fizeram querer bater no guarda e no boneco da Michelin; conheci o Xenical, gastei uma pequena fortuna com rimonabanto, que combate a gordura abdominal (até hoje não entendi como ele “sabe” onde deve fazer efeito...), levei injeções de lipostabil direto nas gorduras (dóooooiiii muuuuuito), ingeri cascas de camarão que deveriam “segurar” a gordura no intestino (isso não pode ser uma boa idéia!) tomei centenas de frutaplan (made in China) com produtos naturais e enfim; se fosse listar tudo que já fiz, quatro crônicas estariam garantidas.E eu na cadeia, ou no hospício.
Na verdade jamais gastei tanto com outra coisa que não fosse algo para emagrecer- a não ser um bom bacalhau,claro.
Nessa última, vocês podem avaliar ao que se submete uma pessoa enlouquecida pelos quilos em excesso. Amanhã começo a caminhar, vou espiar uma academia (primeiro só de longe, tenho pavor!) e a fazer dieta, uma daquelas “coma de quase tudo mas coma menos e mande ver nas frutas e legumes”. A que ponto pode chegar um ser humano, meu Deus!

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